O atraso nas obras de drenagem do rio Mathias contribuiu para o aumento dos problemas de insegurança na região da praça Dario Salles, no Centro de Joinville. O local foi fechado para a instalação de um canteiro de obras em junho de 2014, com previsão de reabertura para o ano seguinte. Quase três anos depois do prazo, o espaço virou ponto para consumo e tráfico de drogas, pernoite de andarilhos e prostituição.

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Sandra Regina Ribeiro, 44 anos, trabalha há mais de uma década em frente a praça e já foi vítima das pessoas que ocuparam o local. Segundo ela, foram quatro arrombamentos ao comércio apenas em outubro do ano passado. Foram levados produtos, comida, bicicleta e outros objetos.

O funcionamento do comércio também foi afetado pela intervenção na praça, que recebia anualmente enfeites de Natal e era frequentada por famílias no final do ano. Sandra conta que mantinha o negócio em funcionamento até cerca de 1 hora da madrugada antes das obras começarem. No entanto, nos últimos três anos conseguiu deixar aberto, no máximo, até às 20 horas.

— Antes as pessoas vinham para ver a decoração e agora o pessoal não aparece mais. Eu tenho falado que isso aqui ia virar uma cracolândia — afirma.

A comerciante conta já ter visto brigas, mulheres se prostituírem e até mães com crianças vendendo drogas na área fechada por tapumes. Além disso, ela diz que os proprietários de lojas em torno da Dario Salles também sofrem com a intimidação causado pelos usuários de drogas e andarilhos.

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No final do mês passado, a Prefeitura retirou parte dos tapumes e reduziu o espaço de canteiro de obras, mas manteve a restrição de acesso aos pedestres. A justificativa foi a presença de usuários de drogas no local, identificada após rondas realizadas pela Guarda Municipal. Sandra admite ter visto uma mudança, mas teme que o problema apenas se transfira para a parte restante ou outro local da cidade.

— Não sei nem porque eles não estão ali na parte onde ainda ficaram os tapumes. Acho que talvez é por causa da chuva. Nós estamos esperando uma solução e não adianta tirar daqui e levar eles para outro lado. Tem que dar um banho, comida e um trabalho para essas pessoas — defende.

O comerciante Vladimir Brito, 47 anos, também trabalha em frente a praça e notou o aumento da insegurança nos últimos anos na região. Ele acredita que havia cerca de 30 pessoas que circulavam diariamente dentro da praça, mas nenhum era contratado da obra. Eles abordavam o proprietário do estabelecimento para pedir comida e Vladimir até chegou a fazer doação, mas descobriu em seguida que os alimentos eram trocados por drogas dentro do espaço cercado por tapumes.

Para ele, a situação tem que ser controlada impedindo que traficantes entreguem drogas no local e assim fazendo com que os usuários se dispersem da praça. Vladimir também tem receio de que eles voltem a ocupar a parte ainda restante do canteiros de obras.

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— Eles vão acabar achando um jeito de entrar no que ficou. Se fecharem mais e não deixarem espaço para entrarem talvez resolva o problema — sugere.

Revitalização da praça fica para 2019

A reportagem solicitou à Prefeitura um representante que pudesse falar sobre os motivos que atrasaram as obras de drenagem do rio Mathias. O município optou em se pronunciar por meio de nota, em que informou apenas que os cronogramas foram alterados e a previsão de finalização é dezembro deste ano. Também informou que parte da área da praça permanece isolada para o canteiro das obras porque os trabalhos ainda não foram finalizados. Apenas depois do término do uso do espaço é que a praça passará por uma revitalização completa.

O município afirmou que o local servia de “esconderijo” para pessoas consumirem drogas e a retirada dos tapumes foi feito a partir de denúncias que chegaram à Guarda Municipal. A principal irregularidade apresentada foi o consumo de drogas no local. As pessoas que perceberem ações ilícitas na área da praça podem acionar a guarda pelo telefone 153.

A Prefeitura também informou que acompanha os moradores de rua da cidade e sempre presta auxílio dentro da política social voltado a esse público, que está centralizada no Centro Pop. A proposta é encaminhar essas pessoas para a saída da situação de rua e orientá-las para o retorno ao convívio familiar e independência financeira. Também são feitos encaminhamentos para a busca de emprego ou tratamento para a dependência, conforme a necessidade.

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