O atraso na obra de ampliação do posto de saúde do bairro Glória, na região central de Joinville, adiou a entrega da nova Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) para julho de 2023. Atualmente, os atendimentos acontecem em uma estrutura antiga e há pelo menos 16 anos os moradores aguardam pela adequação do local e reclamam que o espaço não comporta a demanda.
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Em frente à construção de dois andares, que fica na Rua Brigada Lopes (ao lado do antigo postinho), há uma placa indicando que os trabalhos iniciaram no dia 24 de maio de 2021, com prazo de execução para oito meses. Com a nova previsão de entrega, o período de espera será de um ano e seis meses no total.

Cristiano dos Santos tem 36 anos e criou-se no bairro. Ele conta que, desde criança, frequenta a unidade quando precisa de atendimento e afirma que o local nunca foi ampliado e sequer passou por alguma reforma.
— Já mudaram duas vezes a data de entrega da obra. O atendimento dos funcionários do posto é ótimo, mas a estrutura atual é uma pequena casinha, não suporta mais a quantidade de gente e especialidades que uma unidade de saúde oferece, desde dentista e médicos a exames básicos para se fazer — expõe Cristiano.
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Pela falta de espaço, segundo o morador, algumas consultas estão sendo desmarcadas ou transferidas para unidades de saúde de outros bairros. Ele usa como exemplo o caso da filha e da esposa, que tiveram o atendimento remarcado para a unidade do Vila Nova um dia antes da consulta. O episódio gerou transtorno na rotina do casal, já que o postinho fica “fora de mão”, segundo Cristiano.
O morador ainda cita que já passou algumas vezes em frente onde acontecem as obras e observou que não havia funcionários trabalhando. Para ele, a situação representa descaso com a saúde pública.
— Não é porque é um bairro que tem mais casas nobres que não tem pessoas carentes e simples, que têm o direito de usufruir dos serviços públicos que o bairro tem. Que seja de respeito e qualidade, e com tudo que a população precisa e merece — reivindica.

Trâmite antigo
A discussão que envolve a reforma de ampliação da UBSF do Glória é antiga. Em dezembro de 2018, o então secretário municipal da Saúde, Jean Rodrigues da Silva, havia assegurado em sessão na Câmara de Vereadores que as obras de ampliação sairiam do papel até junho de 2019.
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No entanto, o edital de licitação foi lançado um ano após a discussão com os vereadores. E entre o início do processo até a reforma propriamente dita, houve um intervalo de quase um ano e meio.
De volta à Casa, em abril deste ano e com as obras atrasadas, o ex-secretário da Saúde listou as dificuldades para o avanço da reforma. Entre elas, citou uma solicitação de reajuste do contrato por parte da empresa encarregada pelo trabalho no mês de fevereiro – 13 dias após a aprovação de um aditivo nos trabalhos.
O aditivo, contextualizou Silva à época, tinha como objetivo preparar a UBSF do Glória para ser sede de uma casa dos conselhos, do Centro de Valorização da Vida (CVV) e de um centro de atendimento ao idoso, entre outras iniciativas de saúde.
Inicialmente, a reforma tinha como objetivo apenas ampliar o número de consultórios.
A interposição de recursos pelas empreiteiras se estendeu até a definição da AZ Construções Ltda. para a execução das obras orçadas em pouco mais R$ 2,7 milhões. Em 2018, a obra estava avaliada em R$ 1,2 milhão, com prazo de execução para 12 meses.
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Atraso já era previsto
Em abril deste ano, Jean Rodrigues da Silva ainda comentou na sessão que apenas 18% do projeto estava executado e, quando questionado, disse que “com certeza” a reforma não ficaria pronta até julho de 2022.
Na oportunidade, ele destacou que o principal desafio estava em “garantir o fluxo de trabalho”, já que o que se via era “muita desculpa e pouca ação”, e frisou mais de uma vez que não desejaria uma paralisação dos trabalhos em razão de judicialização, mas que isso poderia ocorrer.
Também estava presente na mesma reunião o presidente do Conselho de Saúde do Glória, Antonio Debortoli, que também reclamou da falta de funcionários atuando na obra. Débora Tonini da Cunha, gerente da unidade de obras da secretaria de Saúde, explicou, na ocasião que a fiscalização acontece por meio de um contato verbal com os trabalhadores e proprietários da empresa para averiguar a situação.
O que diz a prefeitura
Por nota, a Prefeitura e Joinville, por meio da Secretaria da Saúde, informou que o atraso no cronograma das obras da unidade do Glória ocorreu, de fato, devido à necessidade de adequação do projeto inicial.
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Ao projeto, assim como já havia adiantado o ex-secretário da Saúde, foram incluídos outros serviços, como a Casa dos Conselhos, o Espaço do Idoso, o Espaço para Atendimento de Práticas Integrativas e o CVV.
Em relação à transferência de pacientes para outras unidades, o poder público explicou que as equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) são compostas, obrigatoriamente, por um médico generalista, um enfermeiro e um técnico de enfermagem. Portanto, os especialistas atuam como referência para essas equipes básicas e, necessariamente, não estão presentes em todas as unidades da atenção primária.
“Dessa forma, eventuais transferências de pacientes para outras Unidades não são decorrentes das obras da UBSF Glória, mas são um fluxo normal do serviço de atenção primária quando o usuário precisa de atendimento especializado de médicos como ginecologista e pediatra”, cita o texto.
Além disso, a prefeitura ainda reforça que as obras que acontecem na nova estrutura não comprometem os atuais espaços de atendimento da unidade, que ocorrem na construção antiga.
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Atualmente, 12.670 usuários estão cadastrados na UBSF Glória e a previsão de transferência dos atendimentos para o novo prédio é para julho de 2023. Anteriormente, a construção era utilizada para descarte de lixo eletrônico.

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