O “portunhol” já virou a segunda língua mais ouvida por quem frequenta os corredores do Centro Cultural da Scar durante o Festival de Música de Santa Catarina (Femusc), em Jaraguá do Sul. Mesmo que os brasileiros sejam maioria entre os participantes – 376 no total, mais da metade dos inscritos -, grande parte divide a origem entre a Argentina e a Colômbia. Juntos, os dois países vizinhos concentram 20% da massa de alunos.
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Os hermanos são presença praticamente certa no mês de janeiro em Jaraguá, prova de que o Femusc vem se tornando referência na América Latina.
– O que nos atrai aqui é, principalmente, o profissionalismo, a organização do evento e a antecedência com que a programação é agendada – cita o novato no festival Martin Fedyna, 31 anos.

Acompanhado de um amigo, o violonista de Mar del Plata, região portuária da Argentina, fez sua primeira viagem ao Brasil, e, assim como outros argentinos, tem a vinda a Jaraguá influenciada por seu mestre. Eduardo Isaac, da Argentina, professor de violão clássico do Femusc, ajudou a difundir o evento e a trazer músicos também de Buenos Aires, já que a capital não oferece este tipo de festival-escola.
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– Na Argentina só há seminários ou festivais, mas sem ser em um teatro e muito menos com estrutura como o Femusc. Aqui dá para montar obras mais complexas porque há músicos de vários instrumentos – compara Martin.
Suprindo a falta
O mesmo motivo traz o grupo de colombianos, alguns que já se conheciam e outros que acabaram fazendo amizade na chegada a Jaraguá. Os 66 colombianos se reúnem em pequenos grupos, mas são facilmente reconhecidos pela Scar.
Há mais ou menos três anos, os colombianos conheceram o festival-escola e passaram a participar com um número cada vez maior de alunos. O motivo é praticamente o mesmo dos argentinos: as oportunidades de aprimoramento para instrumentistas com professores renomados são quase nulas em seus países.
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– Há o Festival Internacional de Música em Cartagena, que também acontece em janeiro, porém não há formação de orquestras nem aulas – explica o estudante Miguel Angel Ramirez, 29 anos.
Os eventos que ocorrem em Bogotá, capital da Colômbia, também são incompletos, pois costumam abranger apenas algumas famílias de instrumentos.
– Acaba que não temos opção mais próxima e os gastos no Brasil acabam sendo altos para nós – reclama Claudia Romero, 26 anos.
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Bem longe de casa
O colombiano Juan Felipe Saldarriaga Zea, 21 anos, se emociona ao contar a sua história pelos corredores do Femusc, e não é por causa da saudade da família que ficou em Medellín. Na câmera fotográfica, comprada com as economias dos pais, ele registrou cada imagem, desde a chega ao aeroporto de São Paulo, até fachadas de Jaraguá do Sul. Todo o deslumbramento tem uma razão: Juan nunca havia saído de seu país, muito menos viajado de avião.
As economias da família junto com uma ajuda da universidade onde o colombiano cursa graduação custearam a passagem e inscrição dele e a facilidade na inscrição do Femusc ajudaram Juan a atravessar a fronteira.
– Muitos festivais exigem que a audição seja presencial e os gastos acabam ficando altos. Por ser por meio de vídeo, a inscrição no Femusc acaba sendo mais acessível, além de contemplar mais níveis – afirma o violeiro, selecionado para a categoria intermediária.
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A chance de ser avaliado por professores renomados é só um dos fatores que também trouxeram Juan ao País. Para ele, conhecer músicos de outros países também é uma possibilidade de se autoconhecer.
– Aqui a gente se dá conta do nível mundial e de como estamos nele – afirma o colombiano.
:: Confira a página especial sobre o evento ::
CONFIRA DE ONDE VEM OS PARTICIPANTES:
África do Sul – 4
Alemanha – 3
Argentina – 68
Austrália – 11
Brasil – 376
Canadá – 1
Chile – 25
Colômbia – 66
Costa Rica – 12
Equador – 2
Estados Unidos – 3
Holanda – 3
México – 16
Paraguai – 1
Peru – 13
Suíça – 1
Uruguai – 5
Venezuela – 4
Malásia – 1