Um ato ecumênico pela paz na Palestina foi realizado na noite desta segunda-feira (18), em Florianópolis, em frente à escadaria da Catedral Metropolitana Nossa Senhora do Desterro. Entre os celebrantes estavam o padre Vilson Groh, o sheikh Rodrigo Rodrigues, representante da mesquita na capital catarinense, e o pastor luterano Renatus Porath. O evento, que se iniciou com uma performance onde as protagonistas carregavam cartazes pedindo o fim dos ataques do exército de Israel, foi organizado pelo Comitê Catarinense de Apoio ao Povo Palestino.

Continua depois da publicidade

Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp

Os presentes receberam velas acesas. Também havia bandeiras da Palestina e do Brasil. Algumas mulheres carregavam flores brancas. O simbolismo das luzes se propunha ir além das cerca de 20 mil vidas perdidas, mas também pela esperança de que os combates terminem.

Programada anteriormente, a manifestação ocorreu um dia depois do Papa Francisco ter feito mais um apelo pelo fim dos bombardeios em Gaza. No domingo (17), ao falar para milhares na Praça São Pedro, Francisco lembrou que no território palestino há “civis indefesos” que são alvo de tiros e bombas. O Papa lembrou que, no sábado, o Patriarcado Latino de Jerusalém havia informado ao Vaticano que uma mãe e sua filha foram mortas por um soldado israelense no complexo que abriga a igreja católica Sagrada Família, única na Faixa de Gaza.

“Compaixão pelas crianças de Gaza”

O ato ecumênico foi aberto pelo sheikh Rodrigo Rodrigues.

— Quando se fala em genocídio não temos escolha, pois Deus é o Senhor de todos os seres humanos, independente dos caminhos que cada um segue. Falar de Gaza é falar do ser humano – pregou.

Continua depois da publicidade

Ao seu lado, o pastor luterano Renato Becker lembrou que a expressão “terra santa” perdeu o verdadeiro sentido se pensarmos nos milhares de mortos desde 7 de outubro quando o grupo Hamas invadiu o território israelense.

Último a falar, o padre Vilson lembrou das cerca de 50 mil grávidas de Gaza que não têm condições seguras para dar à luz a seus filhos. O sacerdote recordou que o espaço onde se concentrava o público, na frente da Catedral Metropolitana, é sagrado pelas lutas desde os tempos da ditadura militar, das lutas e preces, das reivindicações e acolhimentos. Ao pedir para as pessoas tirarem os calçados, Vilson comparou o ato aos profetas que tocaram o chão buscando caminhos:

— Que não estejamos aqui por um mero rito, mas que nos comprometemos com a cultura da solidariedade e com laços de amizade pelos palestinos – pediu.

Padre Vilson também provocou uma profunda reflexão sobre a realidade das crianças palestinas. O dado mais recente do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) fala que em torno de 12 mil já foram mortas.

— Quando ando pelas periferias e vejo nossas crianças indo para a escola, brincando, correndo e soltando pipa, não deixo de pensar nos meninos e meninas palestinos. Tenhamos compaixão pelas crianças de Gaza que nem brincar podem – pediu.

Não houve nenhuma violência ou manifestação contrária durante o ato, que se encerrou com aplausos dos presentes. No final foi servida uma ceia e feita a partilha de pães e outros alimentos com pessoas em situação de rua.

Continua depois da publicidade