Restando pouco mais de dois meses para o fim do prazo oficial de entrega de todos os estádios para a Copa de 2014, Curitiba vive um impasse quanto aos pagamentos das obras na Arena da Baixada. São duas as discussões que colocam em conflito os três elos do convênio que viabiliza a obra – Atlético-PR, governo do Estado e prefeitura. O primeiro é quanto ao financiamento de R$ 131,5 milhões, junto ao BNDES, que já repassou ao clube 70% do valor e cobra os juros. O segundo trata do aumento em R$ 80 milhões no orçamento final da construção, que ainda não tem solução financeira definida.
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Há uma semana, o Tribunal de Contas do Paraná solicitou à Agência de Fomento, instituição financeira que repassa o dinheiro do BNDES, a paralisação na liberação de verbas, alegando falta de pagamento dos juros do financiamento. O Atlético-PR já recebeu quatro parcelas do financiamento, totalizando R$ 91,8 milhões, e ainda precisa obter 30% do valor total. Precisa pagar os juros – e R$ 390 mil já foram pagos, faltando ainda R$ 1,7 milhão até o momento. Porém, prefeitura, Estado e clube não chegam a um acerto quanto a quem é responsável por isso.
A versão atleticana, sustentada também pela Agência de Fomento, é de que o terço correspondente ao clube está em dia. O restante caberia ao governo e ao município. A prefeitura não concorda com essa versão.
– Quem tem de honrar com os pagamentos é a CAP/SA (empresa formada pelo clube para gerir a obra), que deve cobrir o juro para voltar a receber o financiamento – apontou o secretário municipal da Copa, Reginaldo Cordeiro.
Segundo ele, o município concedeu ao clube títulos de potencial construtivo, que estão à venda no mercado para sanar esse custo. No entanto, o dinheiro depende da negociação desses títulos.
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– Esta semana, autorizamos a transferência de R$ 800 mil dos primeiros títulos vendidos. Em uma ou duas semanas conseguiremos negociar o suficiente para quitar essas primeiras parcelas de juros – disse Cordeiro, que adverte não ser da cidade a obrigação.
Sem quitar os juros, o Furacão não receberá o restante do valor, condicionado pelo BNDES ao cumprimento de percentual de obras executadas. Mas esse não é o único impasse.
Outro problema é quanto ao aumento no valor da obra, que passou de R$ 185 milhões para R$ 265 milhões devido a atraso no cronograma e à correção monetária do período. O presidente do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia, já informou que pretende dividir as responsabilidades por esse aumento:
– Eu disse e repeti que se custasse mais caro, o clube assumiria, desde que as coisas tivessem acontecido no tempo certo. Não podemos assumir o retardo de ações e omissões do governo. O que vamos buscar é só essa diferença pequena (das correções dos valores).
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A prefeitura, entretanto, garante que os órgãos oficiais não irão pagar essa diferença.
– Já foi dito pelo prefeito Gustavo Fruet e pelo governador Beto Richa que não serão liberadas mais verbas para as obras na Arena – disse o secretário municipal da Copa.
Como alternativa, o clube deve buscar o valor necessário com venda de patrocínio para o estádio e de camarotes.