O dia 14 de abril de 2002 pode ficar marcado como o fim de uma época de glórias do futebol em Tubarão, no Sul do Estado. À época, o Tubarão Futebol Clube venceu por 2 a 1 o Cruzeiro, em no Mineirão, mas perdeu a vaga na semifinal da Copa Sul-Minas para o Atlético-MG, que tinha melhor saldo de gols.
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A partir daí, os representantes da cidade colecionaram insucessos, e, no domingo passado, a torcida, que já comemorou títulos estaduais nas décadas de 1950 e 1970, viu o Atlético-Tu cair para a Divisão de Acesso com três rodadas de antecedência.
A participação do Atlético, de Tubarão, no atual Campeonato Catarinense foi recheada de episódios negativos desde o início. O time comandado por Marcelo Cabo, que veio do Rio de Janeiro junto com vários jogadores, levou 4 a 0 do Figueirense logo na estreia.
Cabo não durou muito no clube, pediu demissão semanas depois e, antes de ir embora, disparou críticas sobre a estrutura do Atlético. Alimentação precária, alojamentos inadequados e falta de material esportivo foram algumas das queixas.
Veio Joceli dos Santos e a situação mudou pouco. O técnico foi embora depois que o clube não conseguiu inscrever dois reforços por falta de dinheiro. Essa falta de dinheiro também causou uma greve de 24 horas entre os jogadores, que só voltaram a treinar quando receberam os salários de janeiro. Por fim, quando a água do rebaixamento já batia na altura do pescoço do Atlético-Tu, chegou Raffaele Granitti, que não conseguiu evitar o rebaixamento.
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Para o presidente Pedro Almeida, também dirigente vice-campeão estadual em 1997-1998 com o Tubarão Futebol Clube, a situação negativa se deve à questão financeira.
– Em 2008, a falta de dinheiro já era um problema sério, e agora em 2009 ficou pior ainda. Na verdade, isso acontecia também no antigo Tubarão, mas naquela época arrecadávamos algum dinheiro com rifas, as bilheterias dos jogos eram ótimas e isso se refletia dentro do campo – conta Pedro Almeida.
Como faltam três rodadas para encerramento do segundo turno, a direção do Atlético-Tu ainda se concentra nos problemas dessa reta final. A temporada de 2010, no entanto, já começa a ser planejada.
O diretor de Futebol, Robertinho Rodrigues, que mantém um projeto em Imbituba, onde vive, manifestou vontade de ser um colaborador indireto. Quer ajudar, mas nos bastidores. Já o presidente Pedro Almeida garantiu que o clube continuará com as portas abertas e irá participar da Divisão de Acesso com planos de retornar à elite estadual.
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Ídolos e torcedores apontam os erros
Para torcedores e antigos ou recentes ídolos do futebol tubaronense as causas do declínio no futebol da cidade são as mais variadas. Entretanto, a falta de dinheiro é apontada como a pedra mais pesada que caiu por cima do Atlético, de Tubarão.
O ex-atacante Eduardo de Bona Porton, de 35 anos, que vestiu a camisa do Tubarão por quase 10 anos e marcou mais de 70 gols, diz que a falta de uma pessoa com afinidade no futebol foi uma falha grave no Atlético-Tu.
– Em outras épocas havia profissionais como o Ladinho ou Edemilson Mondardo, multicampeões quando foram jogadores, e sabiam como ninguém trabalhar com o futebol – conta o ídolo da torcida
O ex-presidente do Tubarão e ex-goleiro do antigo Ferroviário e também Figueirense, Ângelo Zabot, observa o aspecto financeiro para justificar o rebaixamento do clube.
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– A falta de recurso impede a busca de muitas soluções. Sem dinheiro pouca coisa pode ser feita – explica.
Na opinião do torcedor José Eduardo Delfino, 50, autor do hino do Tubarão em 1992, tudo deu errado por causa da falta de visão dos gerenciadores do futebol.
– Investir nas categorias de base é fundamental, pois se prepara um garoto hoje para aproveitá-lo em dois ou três anos. Aqui foi feito o contrário. Não tinha como dar certo assim – analisa Delfino.