Um grande balde de água fria. É assim que o presidente da Fundação Municipal de Desporto de Blumenau, Sérgio Galdino, considera o cancelamento dos Jogos da Juventude Catarinense (Olesc), em todas as etapas, e os Jogos Escolares Paradesportivos de Santa Catarina (Parajesc), na etapa estadual. O comunicado divulgado na semana passada pela Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte) gerou a revolta de treinadores e gestores esportivos da região, que se manifestaram contra a decisão. A justificativa de não dar continuidade aos jogos por falta de disponibilidade de alojamentos em algumas regiões não convenceu a classe.
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– O incentivo tem que ser feito na base, os atletas representam os novos talentos da cidade. Muitos conseguem destaque através da Olesc para ganhar bolsas e oportunidades. Se falta dinheiro, pedimos que eles deixem de apoiar eventos de fora e apoiem os nossos atletas da base – recomenda Galdino.
Ontem dirigentes esportivos de 20 cidades reuniram-se com representantes do governo estadual, em Florianópolis, como forma de pressão. Apesar do encontro, a princípio, o cenário segue o mesmo. Em Blumenau mais de 300 atletas foram impactados com a decisão. Um deles é Matthew Conceição, 16 anos. Ele, que participa dos jogos desde os 13 anos, se diz frustrado:
– Venho me preparando há anos para chegar em 2015 no auge. Aos 16 anos é que tenho a oportunidade de me destacar na equipe e realmente seguir o caminho profissional. Mas não vou conseguir participar. É frustrante se preparar e não competir – conta ao lado de Caio Beyer, 16, que também deve ficar de fora dos jogos deste ano.
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Desapontado, o técnico do basquete adulto de Blumenau, Christian Nau, conta que por anos incentivou os atletas no esporte prometendo que a dedicação valeria a pena durante competições como a Olesc, mas neste ano está envergonhado com a promessa que não pode ser cumprida:
– Tem moleque que treina há anos para jogar na Olesc. Eles querem ir pra lá e representar a cidade deles, principalmente os atletas de 16 anos, que estão no auge da competição, lideram equipes e irão ficar de fora. De que forma vão se destacar?
A coordenadora da ginástica rítmica da Fundação Municipal de Esporte e Lazer de Itajaí, Priscila Hostin, ainda tem esperança. Ela acredita que a Fesporte voltará atrás na decisão e as seis meninas que se preparam desde o ano passado irão competir
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– Ainda tenho fé que a Olesc vai acontecer – destaca.
Paradesporto terá seletiva em Florianópolis
A coordenadora do Paradesporto de Blumenau, Gisele Margot Chirolli, ressalta que professores e os atletas também estão desapontados com o cancelamento dos Jogos Escolares Paradesportivos de Santa Catarina (Parajesc), que já haviam sido transferidos duas vezes.
– Como fica a motivação destes atletas? É complicado dar continuidade ao trabalho. Amanhã (terça-feira) vamos até a Fesporte para selecionar quais atletas irão representar o Estado na Paraolimpíada Escolar Brasileira. E quem iria participar do Parajesc pela primeira vez, infelizmente não vai poder mostrar seu talento – frustra- se Gisele.
No ano passado, Blumenau teve a maior delegação no Parajesc, com a participação de 40 alunos. Como neste ano a idade máxima foi reduzida, 23 atletas representariam a cidade na competição estadual. Para diminuir a frustração dos atletas, um evento que já estava marcado ganhou ainda mais força depois do cancelamento do Parajesc: a segunda edição do Encontro Catarinense de Atletismo Paralímpico, previsto para o fim de outubro.
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