Os primeiros golpes de caratê começaram a ser praticados em comunidades japonesas há séculos, mas apenas a partir de 2020 é que a modalidade passará a integrar o quadro de esportes dos Jogos Olímpicos. Com a inclusão, uma nova perspectiva de reconhecimento mundial se abriu para muitos atletas brasileiros.

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Um deles é Kaique Rodrigues, 20 anos, que treina em Joinville há cerca de seis anos. O atleta busca integrar a equipe olímpica de caratê que irá à Tóquio, no Japão, em 2020.

– Agora que virou esporte olímpico, deu um grande incentivo para todo carateca. Está todo mundo correndo atrás de pontos, motivado e dando o melhor nas lutas. Eu quero muito me classificar para as Olimpíadas, sei que é difícil, mas eu estou dando o meu melhor — avalia.

Natural de São José do Rio Preto, em São Paulo, Kaique mora em Balneário Camboriú desde a infância. A decisão de praticar a arte marcial veio aos oito anos, com a intenção de aprender uma atividade física além do futebol. O jovem percorre aproximadamente 200 quilômetros, de Balneário a Joinville, pelo menos três vezes na semana, para dedicar-se a um rotina de treinos com o sensei Sidnei Maciel.

A escolha pelo professor aconteceu pela admiração aos resultados alcançados por atletas treinados pelo sensei em competições nacionais e internacionais. A dedicação despendida por Sid – como é chamado por Kaique – é primordial para o rendimento do atleta, que já acumula títulos nacionais e internacionais

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Na avaliação do profissional, o Brasil possui um dos caratês mais competitivos do mundo e tem grandes chances de garantir medalhas ao País nas Olimpíadas. Para qualificação dos profissionais, a Federação Internacional de Caratê estipulou oito categorias na modalidade com dez atletas cada. Das dez vagas, uma vai para o país-sede. Para entrar nos Jogos Olímpicos, Kaique precisará garantir uma das nove vagas restantes.

Desafios na caminhada

Para alcançar os resultados, Kaique assimilou desde cedo que o reconhecimento como profissional precisaria ir além do esforço: ele exigiria ainda sacrifícios na rotina de adolescente. Aos 14 anos, ele fazia o mesmo trajeto que realiza atualmente para treinar em Joinville, três vezes por semana.

O retorno para casa em Balneário Camboriú acontecia por volta das 23 horas, e no dia seguinte, o jovem ainda precisava acordar cedo para ir à escola e dedicar-se às responsabilidades do Ensino Médio. O dia a dia exaustivo colocou à prova a paixão pelo caratê, mas o jovem nunca desistiu.

— Teve uma época em que eu estava realmente desanimado com o caratê, pensando em parar. Eu não estava rendendo no treino. Mas os meus pais não me deixaram desistir — recorda Kaique.

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Persistência conquista campeonatos

Outro momento difícil foi durante as seletivas para entrar na Seleção Brasileira de Caratê. O sistema envolve diversas provas entre atletas que querem integrar o grupo. Kaique perdeu sete finais. Mesmo desanimado com os resultados, a obstinação falou mais alto até que, em 2015, ele conseguiu entrar para a equipe.

A permanência na Seleção Brasileira é renovada a cada ano. No caso das categorias adultas, da qual ele faz parte, há duas maneiras de integrar (permanecer) a Seleção: uma delas é pela seletiva e outra pelos pontos do atleta no ranking brasileiro. o jovem garantiu a vaga neste ano com a conquista da primeira posição.

A conquista da vaga na Seleção Brasileira demonstra que o incentivo da família e a persistência do atleta no caratê deram resultado. Kaique ainda despontou na modalidade vencendo campeonatos nacionais e internacionais.

Entre os títulos de maior destaque, o jovem cita o primeiro lugar no campeonato brasileiro e no Sul-americano, além de ser vice-campeão no Pan-americano de 2018.

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