Uma jovem que sonhava em se tornar enfermeira e começaria os estudos neste ano, um ex-jogador de futebol americano e um pai de dois filhos que passava a virada com o primo. Essas são algumas das vítimas que morreram no atropelamento em massa em Nova Orleans, nos Estados Unidos (EUA), durante uma festa de ano-novo. Já são ao menos 15 mortes confirmadas. As informações são do O Globo.

Continua depois da publicidade

Clique aqui para receber as notícias do NSC Total pelo Canal do WhatsApp

O ataque aconteceu por volta das 3h15 da manhã de quarta-feira (1º), na Bourbon Street, rua conhecida pela vida boêmia na cidade. Um homem que dirigia uma picape avançou o veículo contra uma multidão, matando 15 pessoas e ferindo muitas outras. Depois, ele saiu do carro e começou a atirar, entrando em confronto com os policiais que faziam a segurança do local.

Entre os feridos já confirmados estão dois policiais, dois cidadãos israelenses e um estudante da Universidade da Geórgia.

Quem são os mortos

Ni’Kyra Cheyenne Dedeaux, de 18 anos, comemorava o ano novo em Nova Orleans com o primo. A família dela mora em Gulfport, Mississippi, que fica a cerca de 340 quilômetros da cidade. Eles descobriram que ela estava entre os mortos sem nem saber que ela estava lá.

Continua depois da publicidade

— Não sabíamos que ela estava lá, porque eu a teria desencorajado, especialmente em épocas de festas. Nenhum dos meus filhos vai a festas de ano novo. Sempre tive esse medo — disse Jennifer Smith, avó da menina.

Após o ataque, o primo dela ligou para um amigo que os dois tinham em comum, desesperado, dizendo que eles haviam corrido ao ouvir os tiros, mas que ele não encontrava ela em lugar nenhum.

A menina era conhecida como Biscuit pelos amigos próximos e família, e estava animada para começar os estudos Blue Cliff College, onde cursaria enfermagem. Ela se inspirava na mãe e na avó, que eram enfermeiras. Dedeaux também já havia feito trabalho de limpeza em um hospital.

A menina era apegada à família, e tinha outros cinco irmãos. Ela morreu no dia seguinte ao aniversário de morte do avô.

Continua depois da publicidade

— Ela foi uma alegria durante o pouco tempo que a tivemos. É difícil acreditar que ela se foi — lamentou a avó.

No dia em que se formou no ensino médio, em maio, a família de Dedeaux deu uma festa, onde ela recebeu buquês de dinheiro feitos pela mãe e todos usaram camisetas com o rosto dela, incluindo os bebês da família, que usavam macacões combinando.

— Esse foi o momento de maior orgulho de minha vida. Fiquei muito feliz. Tenho muito orgulho de todos os meus netos, e dela especialmente — continuou a avó.

Ainda na quarta-feira, a mãe da menina publicou uma foto da filha no Facebook, confirmando a morte dela no ataque: “Quando seus pais disserem para não ir a algum lugar, por favor, os escute”.

Continua depois da publicidade

Gerente de armazém

Outra vítima do ataque foi Reggie Hunter, de 37 anos. Ele foi com o primo, Kevin Curry, de 38, a uma viagem rápida de Baton Rouge, Louisiana, até Nova Orleans, para celebrar o ano novo. A última vez que os parentes tiveram notícia dele foi em um bate-papo em um grupo da família, quando ele mandava mensagens desejando feliz ano novo.

O primo, Jackson, recebeu um telefone às 5h30 da manhã (8h30 em Brasília), do hospital University Medical Center New Orleans. Ele correu para lá e, cerca de uma hora depois, descobriu que Hunter tinha morrido por ferimentos internos. Ele deixa dois filhos.

— Ele não merecia isso — lamentou o primo.

A irmã do homem, Courtney Hunter, de 33 anos, disse que ele apreciava estar com a família e confraternizar com eles. Ele também era “especialmente competitivo” quando se tratava de jogos.

Hunter era gerente em um armazém, e segundo o primo tinha um ótimo senso de humor, com um toque de sarcasmo. Ele também era conhecido por se vestir bem, e no ano novo mantinha a tradição: usava um par de Nike Jordans preto e branco e uma camisa polo preta.

Continua depois da publicidade

 — Sempre queria estar muito bem vestido — completou.

Ex-jogador de futebol americano

Outra vítima é Tiger Bech, ex-jogador de futebol americano da Universidade de Princeton. Ele se formou no ensino médio na Thomas More Catholic High School em Lafayette, Louisiana, onde jogou futebol, lacrosse e atletismo. Na noite de quarta-feira, ele organizou uma oração do rosário para a família.

Sempre te amarei, irmão! Você me inspirou todos os dias, [e] agora poderá estar comigo em todos os momentos. Eu cuidarei dessa família T, não se preocupe. Isso é para nós“, escreveu o irmão, Jack Bech, nas redes sociais. O irmão é jogador de futebol americano da Texas Christian University.

Outra universitária também está entre os mortos no ataque. Kareem Badawi estudava na Universidade do Alabama. Foi a universidade quem confirmou a morte.

A mãe da menina, Belal Badawi, disse no Facebook que a filha morreu “como resultado de um trágico acidente em Nova Orleans”.

Continua depois da publicidade

Autor de ataque agiu sozinho, diz FBI

Investigadores do FBI, que comandam o caso, dizem acreditar que o homem agiu sozinho.

— Estamos confiantes, neste momento, de que não há cúmplices — disse Christopher Raia, da divisão de contraterrorismo do FBI, em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (2).

O homem já foi identificado como Shamsud-Din Bahar Jabbar, 42 anos. Ele morava em Beaumont, no Texas. Antes do atentado, ele publicou um vídeo nas redes sociais onde dizia que havia se juntado ao grupo terrorista Estado Islâmico.

— Ele estava 100% inspirado pelo Estado Islâmico — continuou o investigador.

A investigação também busca uma conexão entre o ataque em Nova Orleans e a explosão de um caminhão Tesla, que matou uma pessoa na frente de um hotel Trump, em Las Vegas, também na quarta-feira.

Continua depois da publicidade

*Sob supervisão de Andréa da Luz

Leia também

Quase 600 pessoas são salvas de afogamentos entre o Natal e o Ano-Novo em SC

Fotos mostram lesões e turista revela corrida ao chuveiro ao ser atingida por fogos em SC

Queda de granizo atinge mais de 200 casas e 900 moradores são afetados em Lages