Uma história que começa com lágrimas sempre tende a terminar da mesma forma, né? A relação de Rosamaria Montibeller com o vôlei nem sempre foi harmoniosa. A primeira vez que chegou ao ginásio municipal de Nova Trento para participar dos treinos na escolinha, a menina de oito anos não quis entrar.
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– Ela tinha medo de entrar na quadra e ficava chorando no colo da mãe – lembra Vandelina Tomasoni, a Vandeca, primeiro treinadora de Rosamaria.
Com o tempo o trauma foi superado e a menina começava a se destacar. Aos 12 anos conquistou a primeira medalha, no Estadual da categoria Iniciante. Era a primeira de muitas. Foi naquele momento que a loira de olhos azuis e rosto angelical desistiu do sonho de se tornar modelo e decidiu se dedicar ao esporte. Aos 21 anos, a menina de Nova Trento ostenta orgulhosa a medalha de ouro conquistada no Mundial Sub-23 com a Seleção Brasileira semana passada, na Turquia. Além da placa de melhor oposto (sua posição na quadra) da competição.
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:: Atleta é convocada para a Seleção principal
Rosamaria aproveitou a folga que ganhou nos últimos para voltar a terra natal e repetiu os programas de sempre: visitou a avó Maria, reviu as amigas de infância e curtiu o fim de semana na casa de praia, em Porto Belo. Nesta segunda-feira aproveitou para dar uma passada no ginásio onde deu os primeiros saques para reencontrar ex-treinadores e ver as meninas do projeto em ação.
Bastou a campeã pisar no ginásio para que as 50 garotas entre oito e 18 anos abandonassem os exercícios para assediar a conterrânea. Depois de muitas selfies e abraços, Rosamaria conversou rapidamente com as garotas, contou histórias da conquista na Turquia e também da medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Toronto e respondeu algumas perguntas.
– Sei que sirvo de espelho e me sinto responsável por mostrar para elas que é possível alcançar seus sonhos, mas não tenho essa dimensão ainda – diz a jogadora.
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Rosa se sentiu tão à vontade com as meninas, que dividiu um segredo com elas:
– Hoje (segunda-feira) pela manhã, quando estava indo para a academia, recebi a notícia de que fui convocada para a Seleção principal. Me apresento amanhã (terça-feira) em Saquarema (no Rio de Janeiro).
A notícia encheu ainda mais de orgulho a primeira treinadora.
– Nós nos completamos. Dei a oportunidade a ela para jogar, e ela lutou em quadra para conquistar títulos e agora chegar à Seleção – comenta Vandeca.
Homenagem na escola leva campeã às lágrimas
Após o bate-papo com as garotas no ginásio, Rosamaria participou de um evento na EEB Francisco Mazzola, onde estudou da formação básica ao ensino médio. Até chegar na porta da escola foi assediada por crianças e professores para tirar fotos e dar autógrafos.
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– O assédio cresceu bastante. Gente em Nova Trento que nunca imaginei que gostasse de vôlei me para na rua e me parabeniza depois do Pan – constata.
Com o pátio repleto de alunos, professores e funcionários da escola, Rosamaria foi homenageada. Recebeu um arranjo e de flores e não conteve a emoção ao ouvir o hino brasileiro.
– É engraçado como as coisas se repetem. Há alguns anos era eu quem estava aí, cantando o hino nacional milhões de vezes. Agora, me emociono ao lembrar que a última vez que ouvi o hino foi no pódio, para ganhar essa medalha de campeã do mundo – disse emocionada, enxugando as lágrimas.
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