Foi com uma brincadeira, iniciada em 1988, que Patrício Fernando Vega Garrao conheceu o basquete. Como passatempo para o dia a dia o pai, Iván, comprou uma tabela de basquete, que servia como distração para o filho deficiente auditivo de nascença. Hoje Patrício tem 37 anos, é professor universitário na Furb e da rede municipal de ensino, e aquele brinquedo recebido quando tinha nove anos virou base para representar o Brasil. Ele foi convocado para vestir a camisa da Seleção Brasileira de basquete de surdos nos Estados Unidos durante a etapa classificatória para as Olimpíadas para Surdos que ocorrem no ano que vem na Turquia.

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A competição começou nesta sexta-feira, se estende até o dia 7 e a equipe verde e amarela vai enfrentar outros seis adversários (Argentina, Canadá, República Dominicana, Trinidad e Tobago, Venezuela e EUA) em busca de uma das três vagas para o maior evento de surdos do planeta. Patrício embarcou na quarta-feira para Maryland, na terra do Tio Sam, e mesmo com a experiência de convocações para a Seleção Catarinense e com dois títulos da Copa do Brasil, assumiu o nervosismo pela responsabilidade de honrar as cores do país.

– É minha primeira viagem pra fora e também a primeira vez que vou pra Seleção. Estou nervoso – aponta o atleta.

Nascido e criado em Blumenau, Patrício é filho de pais chilenos, que escolheram a cidade para constituir a família. É casado e tem três filhos – um que joga basquete e também é deficiente auditivo. Segundo o pai, o esporte foi determinante para a inserção social de Patrício.

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– Lutando se consegue aquilo que se quer na vida e ele conseguiu muitas coisas graças ao basquete, como se formar na universidade e construir sua própria vida de forma independente. O esporte mostrou que se ele tivesse um objetivo, poderia conquistá-lo sem se importar com sua deficiência – afirma Iván Patríco Garrao.

Olimpíadas vão incentivar formação de paratletas

As novas oportunidades abertas em nível nacional – principalmente pela organização da Olimpíada e Paralimpíada no Rio de Janeiro – devem aumentar os casos de pessoas dedicando parte de suas vidas ao esporte, como acontece com Patrício, segundo a coordenadora do paradesporto de Blumenau, Giselle Margot Chirolli. Para ela, novos investimentos incentivam a inserção de paratletas que buscam o alto rendimento.

– Hoje nós temos atletas que conseguem bolsas federais e recebem um salário mensal para que disputem competições. Além disso há bolsas de estudos para o Ensino Médio e Superior, que também servem como incentivo – explica Giselle.

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