Nem o cansaço de mais de 20 dias de viagem entre Le Havre, na França, e Itajaí desanimou Erik Nigon e Samy Villeneuve. De bermuda, chinelo de dedo e sorriso aberto no rosto, a dupla francesa fez nesta sexta-feira uma breve visita à Escola Elias Adaime, no Bairro Cidade Nova – que foi suficiente para mostrar, mais uma vez, que a Regata Jacques Vabre vai muito além do esporte.
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Velejadores do barco Vers un Monde sans Sida (Por um Mundo sem Aids, em português), Erik e Samy participaram de uma ação que tem tudo a ver com uma bandeira defendida há nove anos pelos atletas. Eles ouviram por mais de meia hora lições sobre sexo seguro e prevenção e tratamento da Aids, em uma oficina da ONG Instituto Crescer na unidade escolar. Da “plateia”, o olhar atento dos franceses (além dos ouvidos ligados na tradutora) deixava claro a alegria em participar daquele momento. Quando foi a vez dos velejadores falarem aos alunos, veio a explicação para tamanho entusiasmo.
– Essa atividade é fantástica. Na França, nunca veríamos jovens falando para jovens sobre a Aids, porque o país é mais conservador e isso fica restrito aos profissionais diretamente ligados à Saúde – destacou Erik, prometendo inclusive divulgar a ideia na Europa.
Engajamento
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O veleiro Vers un Monde sans Sida chegou a Itajaí na quarta-feira, terminando a prova da classe Multi50 na quarta colocação. Nas velas e no casco, o símbolo do combate à Aids está sempre presente, há quase uma década. O engajamento partiu de Erik, que viveu por alguns anos na África e conviveu de perto com áreas muito afetadas pela contaminação do vírus HIV. Samy abraçou a ideia pouco tempo depois, e desde então a luta contra a doença tem literalmente cruzado os mares. O apoio para as empreitadas também tem estreita ligação com a causa: o patrocínio do barco é do instituto do professor francês Luc Montagnier, que descobriu o vírus HIV em 1983.
Esta é a sexta vez que o Vers un Monde atravessa algum oceano do planeta, e entre uma aventura e outra os franceses soropositivo ganham um privilégio de poucos. Passeios de veleiro pelas águas francesas incentivam o otimismo e a inspiração para um convívio e controle tranquilos da doença.