Um atentado com caminhão-bomba reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI) deixou pelo menos 54 mortos e 100 feridos nesta quinta-feira no distrito de Sadr City, em dos ataques mais violentos em vários meses contra o grande bairro xiita do norte de Bagdá.
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A explosão gerou temores de um acirramento das tensões entre as comunidades e de abalo na confiança no governo, em um momento no qual especialistas advertem para a cada vez mais difícil reconciliação no país.
O atentado aconteceu às 6H00 locais em um mercado de Sadr City, um horário de grande movimento. A explosão matou 54 pessoas e deixou 100 feridos, segundo o ministério do Interior.
O ataque destruiu o mercado e matou vários cavalos utilizados para transportar as carretas de frutas e verduras, além de ter provocado o incêndio de muitos veículos.
As equipes de emergência tentavam recuperar pedaços de corpos em meio a um cenário devastador.
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O grupo EI reivindicou o atentado em um comunicado divulgado na internet, no qual afirma que a “operação abençoada permitiu aos soldados do Estado Islâmico explodir um caminhão-bomba”.
Os extremistas atacam com frequência a maioria xiita no Iraque, considerada pelo EI como herege, e têm como alvos locais movimentados como mercados e cafés, com o objetivo de provocar o maior número de vítimas.
Ataques como o de Sadr City aumentam a tensão sectária. O general Raymond Odierno, que comandou as tropas americanas no Iraque entre 2008 e 2010, afirmou na quarta-feira que o país corre o risco de uma divisão.
Odierno destacou que a cada dia é “mais difícil” a reconciliação entre xiitas e sunitas e destacou que, no futuro, existe a possibilidade de que o “Iraque não volte a parecer com o que foi no passado”.
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Única solução
Ao comentar uma possível divisão, o general afirmou acreditar que “a região, os políticos e os diplomatas são aqueles que devem encontrar uma solução, mas é algo que pode acontecer”.
“Talvez seja a única solução, mas ainda não estou disposto a afirmar isto”, completou.
O Iraque tem três comunidades que poderiam ser separadas no caso de divisão do país: os curdos, que já têm uma região autônoma no norte, os sunitas e os xiitas.
“Temos que lidar primeiro com o EI e decidir depois como será (o Iraque)”, afirmou Odierno.
O EI conquistou amplas faixas de território no Iraque e na Síria desde junho de 2014, com uma série de atrocidades nos dois países: execuções, sequestros e estupros.
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O exército iraquiano, que Washington treinou e equipou, ao custo de milhões de dólares, não conseguiu enfrentar a ofensiva jihadista em um primeiro momento.
Mas as forças governamentais reconquistaram terreno nas últimas semanas com o apoio do Irã e da coalizão liderada pelos Estados Unidos. No entanto, grande parte do oeste do país permanece sob controle do EI.
Os atentados contra civis já eram frequentes no país antes do surgimento do EI e provocavam centenas de mortes a cada mês.
Enquanto os jihadistas combatiam em outras frentes, o ritmo dos ataques registrou uma queda na capital.
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Os atentados, no entanto, continuam sendo um elemento fundamental da estratégia do EI, que utiliza explosivos para defender as zonas conquistadas e recorre a homens-bomba para provocar um grande número de vítimas.
Na segunda-feira, 33 pessoas morreram em três ataques reivindicados pelo na província de Diyala, nordeste do Iraque.
Em julho, o Estado Islâmico reivindicou um dos ataques mais violentos dos últimos meses, um atentado suicida em um mercado que matou pelo menos 120 pessoas e deixou mais de 100 feridos em Khan Bani Saad, uma cidade de maioria xiita que fica 20 km ao norte de Bagdá.
* AFP