O turismo na Turquia, já sob o peso de repetidos ataques, corre o risco de afundar neste ano depois do triplo atentado suicida ocorrido na terça-feira à noite no Aeroporto Internacional de Istambul. Pelo menos 41 pessoas morreram e 239 ficaram feridas na ação contra a maior e mais visitada cidade do país.

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O ataque suicida carrega, de acordo com autoridades locais, a marca do grupo extremista Estado Islâmico (EI). No último ano, os atentados em Istambul e Ancara, que mataram quase 200 pessoas e fizeram milhares de feridos, também assustaram os turistas, cujas chegadas atingiram o seu mais baixo nível em 22 anos.

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As ações atingiram uma indústria que era uma das principais fontes de renda da economia local, com quase 30 bilhões de euros por ano. Essa foi também uma das motivações expressas pelos Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK), um grupo radical próximo do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), em sua reivindicação do atentado com carro-bomba, no início de junho, no centro histórico de Beyazit, uma área turística de Istambul.

“Queremos alertar os turistas na Turquia e aqueles que querem vir para cá: os estrangeiros não são o nosso alvo, mas a Turquia não é um país seguro para eles”, ressaltou a organização.

Atentado em Istambul deixou mais de 40 mortos

Os ataques recentes afetaram principalmente as atrações turísticas mais emblemáticas: em Istambul, em 12 de janeiro, 12 turistas alemães foram mortos em na área de Sultanahmet. O atentado, atribuído ao EI, foi perpetrado perto da basílica de Santa Sophia e da Mesquita Azul, joias do patrimônio cultural e arquitetônico da Turquia.

Dois meses depois, em 19 de março, quatro turistas estrangeiros – três israelenses e um iraniano – foram mortos por um suicida, aparentemente do Estado Islâmico, na Avenida Istiklal, a mais famosa e mais movimentada de Istambul.

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O ataque no aeroporto na terça-feira à noite coincidiu com o feriado do bayram, período de viagens, e a temporada de verão, já em pleno andamento no país. No entanto, para o mês de maio, o Ministério do Turismo informou o maior declínio nas chegadas em 22 anos, com uma queda de quase 35% no número de turistas estrangeiros, 2,5 milhões de pessoas.

Se o número de russos despencou logicamente por causa da disputa diplomática entre Ancara e Moscou (90%), as chegadas também caíram para as outras nacionalidades – alemães, britânicos e georgianos à frente. No total, durante os primeiros cinco meses do ano, esse número diminuiu em 23%.

Se a responsabilidade for confirmada, o Estado Islâmico “acaba de atingir o segundo local mais emblemático de Istambul depois da Praça Taksim”, disse Soner Cagaptay, diretor do programa de pesquisa sobre a Turquia no Instituto Washington.

– O aeroporto é o centro operacional da Turkish Airlines, a única empresa turca conhecida no Exterior e o símbolo da indústria do turismo – comenta o analista.

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O governo turco anunciou na primavera um plano de ajuda de vários milhões de euros para apoiar a atividade turística. Contudo, a medida parece não surtir efeito.

Em desespero, autoridades imergiram um Airbus A300 em Kusadasi, um popular resort no Mar Egeu, para promover o turismo relacionado ao mergulho. Uma imagem metafórica, talvez, para toda uma indústria que parece afundar.

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* AFP