O atentado contra o candidato Jair Bolsonaro (PSL) representa um marco na história da campanha à Presidência da República. Para o bem ou para o mal. A menos de um mês das eleições, presidenciáveis e marqueteiros estão mudando às pressas as suas estratégias na disputa eleitoral. A ideia geral é adaptar os discursos, até então calcados em uma escalada de beligerância. Se imperar a orientação dos conselheiros de bom senso, e eles existem em todos os campos políticos, a palavra de ordem será pacificação. Resta saber se haverá força suficiente para evitar que militantes aloprados empurrem o processo eleitoral para uma espiral de violência. 

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– O papel daquele que se propõe a ser líder é pacificar os liderados. Esse é o papel – faz questão de lembrar o general Sérgio Etchegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Neste primeiro momento, a informação que vem do comitê de Geraldo Alckmin (PSDB) é da retirada das propagandas direcionadas à desconstrução de Bolsonaro. Os marqueteiros reforçarão a imagem do tucano como homem de diálogo. Além disso, haverá mais destaque para as ações como governador de São Paulo, em especial na área de segurança. Para os grupos de Ciro Gomes (PDT) e de Marina Silva (Rede), esse primeiro momento é de cautela, evitando sempre ideologizar ou politizar o episódio contra Bolsonaro.

No PT o principal problema é a transferência de votos de Lula para Fernando Haddad, que será confirmado na cabeça de chapa no início da semana. Sem Lula na disputa, Bolsonaro está na frente nas pesquisas, tem um eleitorado bastante fiel, mas também amarga o maior índice de rejeição. De dentro do hospital, Bolsonaro terá a chance de tentar romper com essa rejeição. Resumo da ópera: a instabilidade só cresce.  

 

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Holofotes

O PT pretendia continuar mobilizando as atenções com a confirmação, no começo da semana, do nome de Fernando Haddad como candidato no lugar de Lula, que está preso e não pode concorrer. Os holofotes, no entanto, estarão voltados para o caso de Bolsonaro. As investigações sobre o atentado seguirão, assim como o acompanhamento da recuperação do presidenciável.


Resta um

No último 7 de Setembro de Michel Temer no comando da Presidência da República, o que chamou a atenção foi a falta de aliados no palanque das autoridades. No ano passado, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), estavam ao lado do presidente. Desta vez, na companhia da família, ele estava cercado apenas pelos ministros mais fieis e por militares, o retrato da baixa popularidade que enfrenta. Sem qualquer relevância no cenário político nacional, Temer foi ignorado até mesmo pela população de Brasília que acompanhou o desfile. O ministro Moreira Franco (Minas e Energia), considerado homem de confiança de Temer, também preferiu ficar longe do palanque neste ano. Já a Polícia Federal, que investiga Temer, foi ovacionada durante o desfile. 

 

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