Os médicos do Hospital de Caridade Senhor Bom Jesus Passos, de Laguna, mantém a suspensão dos atendimentos eletivos iniciada na sexta-feira, dia 1º de dezembro. Eles alegam atraso em pagamentos referentes a atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e convênios. A administração do hospital reconhece a dívida, e alega um déficit mensal de cerca de R$ 200 mil entre as verbas recebidas e os serviços prestados, responsável pelo desequilíbrio financeiro enfrentado pelo hospital.

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Na manhã desta segunda-feira, o Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (SIMESC) confirmou que nenhuma negociação foi iniciada, e que somente os atendimentos de urgência e emergência estão mantidos. O presidente do sindicato na Regional Laguna, Odimar Pires Pacheco, informou em nota que alguns médicos estão há quase dois anos sem receber os honorários, e que estão cansados de esperar uma solução.

Segundo a direção do hospital, o repasse mensal da Administração Municipal, através do Fundo Municipal de Saúde, é de R$ 75 mil para pagamento da hora-plantão dos médicos do Serviço de Emergência, porém o custo fica entre R$ 94 e R$ 95 mil. Outros R$ 19 mil, para pagamento do sobreaviso do médico anestesista, não são suficientes, pois o custo é de R$ 25 mil ao mês. Além disso, R$ 55 mil são utilizados para pagar a manutenção do sobreaviso dos médicos da Maternidade, Clínicas Médica, Cirúrgica, Pediátrica, Ortopédica e Cardiológica e dos serviços laboratoriais.

— Ainda não sentamos para resolver isso, pois precisamos ter algo concreto para oferecer aos médicos. Enquanto não houver algum retorno, dinheiro novo, o hospital não tem como fazer proposta pois não conseguiria cumprir. Se tivesse, já teríamos feito para evitar essa situação — explica um dos administradores do hospital, Carlos Alberto Batista.

Os recursos repassados pela Secretaria Municipal de Saúde estão em dia, segundo a titular da pasta Valéria Olivier Alves Souza, porém não há orçamento para aumentar esses recursos. A administração do hospital confirma o pagamento em dia, mas reforça que não são suficientes. Para ajudar o hospital, o município disponibiliza uma ambulância e banca todos os custos com motorista, combustível e manutenção, mas dentro da realidade financeira da prefeitura, não é possível ampliar esse aporte.

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— Mesmo havendo o pagamento mensal, não está chegando na mão dos médicos, inclusive mutirões de cirurgia repassados pelo Governo do Estado, foram pagos, mas também não chegaram até quem fez esse trabalho, então por isso que eles estão parando. É uma divida que não foi adquirida agora, já vem de anos atrás —explica Valéria.