A notícia de que uma jovem de 16 anos foi vítima de um estupro coletivo no Rio de Janeiro causou comoção e revolta em todo o país, e é difícil encontrar quem não tenha ouvido falar sobre o caso. Na quarta-feira – um dia depois de o Senado aprovar pena maior para esse tipo de crime -, o Coletivo Feminista Casa da Mãe Joana promoveu no Centro de Blumenau um ato para exigir o fim da chamada cultura do estupro e falar sobre a necessidade do debate de gênero nas escolas. O grupo, de cerca de 30 pessoas, chegou a colar cartazes na entrada da Câmara de Vereadores.

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Mas não é só em terras cariocas que o problema está enraizado. Os atentados à saúde, à segurança e à vida estão mais perto do que nunca. O Santa teve acesso a um levantamento feito pela Vigilância Epidemiológica, que revela: em apenas três anos, o número de atendimentos médicos a vítimas de violência sexual cresceu 211,5% em Blumenau. Em 2012 foram registrados 26 casos desse tipo de abuso pelos serviços públicos e privados municipais – entre eles hospitais, ambulatórios gerais e pronto-socorros. Destes, 11 foram em crianças entre 10 e 19 anos de idade. No ano seguinte o número subiu para 78, com 35 ocorrências na mesma faixa etária.

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Em 2014 os atendimentos chegaram ao ápice, com 87 registros. A mudança na época foi o aumento de casos entre crianças até nove anos: 37, seguidos por 34 entre garotas de 10 a 19. No ano passado o número caiu para 81, mas ainda assim a maioria dos exames é feito na faixa etária de zero a nove (29) e 10 a 19 anos (28). Um dos dados mais alarmantes mostra que 84% dos agressores são conhecidos das vítimas.

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– Começamos esse trabalho em 2012 porque as notificações das unidades de saúde passaram a ser obrigatórias, mas em 2014 foi que nos fortalecemos com a criação de um comitê voltado ao problema. Cada vez mais estamos tentando conscientizar a população nesse sentido, principalmente depois que percebemos esse aumento em relação a crianças e jovens – comenta Ivonete dos Santos, gerente da Vigilância Epidemiológica.