As próximas semanas devem ser de maior circulação de dinheiro no vaivém das caixas registradoras do comércio de Blumenau. Com salário e as parcelas do 13º no bolso dos trabalhadores, começa a saga em busca daquele scarpin novo para a esposa, dos artigos esportivos ou eletrônicos para o namorado ou até gravatas e vale-CDs quando a criatividade e o dinheiro se aproximam do fim. Mas a época de consumidores afortunados é também de olho vivo e faro fino para comerciantes e aqueles que lidam com dinheiro. Esse é um dos períodos em que oportunistas tentam aproveitar o movimento intenso nas lojas para passar adiante cédulas falsas.

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A falsificação ou uso de moeda falsa tem pena de três a 12 anos de prisão e é considerado crime federal, fiscalizado pela Polícia Federal. Segundo o delegado Thiago Giavarotti, da PF de Itajaí, a incidência desse crime costuma ser irregular e é considerada estabilizada nos últimos meses no Vale do Itajaí. Em todo o ano foram apreendidas 647 cédulas falsas – R$ 33,6 mil considerando o suposto valor – nas 47 cidades que integram a área de atuação da Delegacia da PF de Itajaí. Fruto de denúncias, investigações e operações como a Notas Blu e Notas Pomerode, feitas em maio e em julho para apreender moedas falsas e indiciar os responsáveis nas duas cidades do Vale. A Polícia Militar de Blumenau, que também costuma registrar esse tipo de ocorrência, informa que este ano foram 37 casos de moeda falsa na cidade, contra 25 contabilizados no ano passado – uma alta de 48%.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Blumenau, Helio Roncaglio, confirma que a prática do crime costuma ser mais frequente em datas comemorativas e de mais movimento no comércio. Por isso a necessidade de atenção total de quem manuseia e recebe dinheiro e até mesmo dos consumidores às vésperas de mais uma temporada de Natal.

O caso mais recente ocorreu em Indaial e foi comunicado à CDL de Blumenau para reforçar o alerta. Segundo Roncaglio, os criminosos que tentam usar notas falsas costumam ter em um perfil de consumo de produtos mais caros: bebidas, alimentos, roupas ou tênis com preços mais elevados, que possam ser revendidos depois. O chefe de Relações Públicas da PM de Blumenau, tenente Nicolas Vasconcelos Marques, informa que as transações por cartão de crédito e débito ajudam a diminuir a prática, mas frisa que a maioria dos casos ainda ocorre em postos de gasolina, lojas de conveniência e supermercados – ambiente em que é comum ver atendentes de caixa expondo uma a uma as notas de maior valor às luzes fluorescentes para se certificar. Entidades do setor confirmam o revés já comum.

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– Não temos isso em números, mas a incidência é grande pelo fato de recebermos muitos pagamentos em espécie. Volta e meia somos surpreendidos com notas falsas de R$ 100, R$ 50, até de R$ 20 já houve. Os estabelecimentos investem em equipamentos e treinamentos da equipe para tentar minimizar esse problema, mas é importante que até os consumidores fiquem atentos, sobretudo nessa época – frisa o empresário e presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Paulo Cesar Lopes.

Anúncios oferecem notas e resultam até em estelionato

A nota de R$ 50 é disparada a cédula mais falsificada nas apreensões da PF na região, com 598 notas, contra 36 de R$ 100. Em geral, a opção por notas maiores ocorre porque, segundo as autoridades, há um custo alto para produzir a cópia com papel, impressão, fita holográfica e outros itens de segurança. Algumas notas conseguem enganar com facilidade, seja pela textura do papel ou da impressão, o que exige cuidado extremo.

Nas redes sociais não é difícil encontrar anúncios de pessoas vendendo as chamadas “notas fake”. Muitas delas com telefones de DDD da região Sul do Estado e promessas de passar até em testes de caneta e luzes feitos por lojistas. O delegado Thiago Giavarotti, da PF de Itajaí, explica que em muitos casos investigados trata-se de estelionato, em que o criminoso sequer entrega as cédulas para o oportunista que tentava adquirir o dinheiro, sabidamente falso.

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