Em um ano fraco de bilheterias para o cinema brasileiro, a esperança de recuperação do caixa pode ser outra vez uma comédia escrachada. Estreia nesta sexta-feira Até que a Sorte nos Separe, primeira incursão da produtora Gullane no humor _ acompanhada de parceiros de peso como Paris Filmes e Globo Filmes.
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Peso, aliás, há de sobra nesse filme inspirado em Casais Inteligentes Enriquecem Juntos, best-seller de reeducação financeira escrito por Gustavo Cerbasi: a comédia é protagonizada pelo robusto Leandro Hassum, ator que encarna Tino _ um professor de ginástica que ganha na loteria e esbanja sua fortuna junto de sua mulher Jane (Danielle Winits) ao longo de 10 anos. Falido, ele é obrigado a aceitar ajuda do vizinho Amauri (Kiko Mascarenhas), um rigoroso consultor financeiro que vive problemas conjugais com sua mulher Laura (Rita Elmôr).
Até que a Sorte… reúne Roberto Santucci (direção) e Paulo Cursino (roteiro), do sucesso De Pernas pro Ar (2010) _ e que estreia no dia 28 de dezembro a continuação De Pernas pro Ar 2. Em entrevista a ZH na semana passada, em São Paulo, Hassum falou sobre seu primeiro papel principal no cinema, enquanto Danielle relembrou como foi filmar logo após o acidente que sofreu durante apresentação do musical Xanadu, no fim de janeiro
Entrevistas:
Leandro Hassum, ator de “Até que a Sorte nos Separe
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ZH – Você improvisa bastante no humor. Em sua estreia no cinema como protagonista, manteve essa característica.
Hassum – Gosto de improvisar, mas isso só é possível com um bom texto. O improviso tem que atirar para dentro da cena, se não vira só gracinha. Os outros atores foram generosos em trabalhar num ritmo brando para eu poder pirar.
ZH – Você se identifica com seu personagem no filme?
Hassum – Em casa, sou como o Tino, sou consumista. Minha sorte é que sou casado com o Amauri, minha mulher é que mantém a conta fechando direitinho lá em casa. Esse negócio de grana não mudar a gente é utopia. Muda, sim. Quando comecei a carreira, eu recortava o jornal que saía com meu nome. Hoje nem vejo se saí no jornal.
ZH – Você acha que o ator de comédia sofre preconceito em relação aos intérpretes que atuam mais em dramas?
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Hassum – Há, sim, um preconceito monstruoso com a comédia, mesmo entre colegas e diretores. Mas o comediante tem capacidade de circular em todos os âmbitos. O Chico Anysio, que foi o meu mentor, é um dos melhores atores do Brasil.
Danielle Winits, atriz de “Até que a Sorte nos Separe”
ZH – Você sofreu a queda em Xanadu no início das filmagens de Até que a Sorte nos Separe. O acidente atrapalhou a rodagem?
Danielle – Eles esperaram umas duas semanas para começar a filmar comigo, foram muito gentis. Eu precisava me recuperar, não só fisicamente, mas psicologicamente. O acidente foi na frente do meu filho, foi traumático para ele.
ZH – Fale um pouco sobre seu personagem.
Danielle – O pano de fundo da história é o drama que essa família passa depois que perde tudo. Apesar da obsessão pela beleza da Jane, é ela que mantém o pé no chão, que consegue conviver com os percalços. Esse lado família a aproxima do público, principalmente o feminino.
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ZH – Você sabe brincar em seus papéis com o estereótipo de loira burra e fútil. Fale sobre isso.
Danielle – O Wolf Maya (diretor e ator) me dizia: “Não lute contra seu casting. Use isso a seu favor”. Os professores com quem fiz aulas no Exterior diziam o mesmo. Isso me ajudou muito. Se eu pudesse dar um conselho, seria: “Não lute contra o que é mais fácil para você. Você pode perder grandes oportunidades com esse tipo de julgamento”.