Fazer a carteira de identidade em Itajaí é um teste de paciência e resistência. Com apenas 50 atendimentos diários, o Instituto Geral de Perícias (IGP) reúne, todas as manhãs, uma multidão de pessoas que acordam cedo para garantir um lugar na fila.
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Quinta-feira, o primeiro lugar na fila era de David Denner, 31 anos, de Barra Velha, que chegou às 5h da manhã e amargou uma longa espera, já que a senha para confecção do documento só seria distribuída oito horas depois. Denner precisa de uma nova identidade para viajar em um cruzeiro, e tirou licença do trabalho para fazer o documento. Preferiu procurar o IGP de Itajaí porque, em Barra Velha, a identidade demoraria muito para ficar pronta. Segundo ele, a empresa de turismo que vendeu a viagem exigiu que o documento tivesse menos de 10 anos.
_ Não posso correr o risco de perder a viagem. A gente acaba se sujeitando a ficar aqui na fila _ disse. Assim como Denner, quase 30 pessoas já aguardavam, antes das 10h, a distribuição de senhas em frente ao IGP. Sem local adequado para ficar, a maioria esperava sob o sol quente. Uma adolescente de 14 anos, moradora de Itajaí, passou mal e desmaiou com o calor. Ela precisou ser socorrida pelos bombeiros.
_ É um absurdo o que está acontecendo _ disse um homem de 70 anos, que preferiu não se identificar.
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Conforme o advogado constitucionalista Nathan Ben Hur Braga, a lei 7.116, de 1983, assim como o decreto que a regulamenta, não trazem prazo de validade para o RG. Atualmente um projeto de lei nesse sentido, já aprovado pelo Congresso, aguarda sanção presidencial. O texto diz que para menores de 18 anos a validade será de 10 anos, e depois desta idade o prazo passa para 20 anos.
_ Neste momento os estabelecimentos, públicos ou privados, não podem exigir um RG mais recente do cidadão. É ilegal e a pessoa pode acionar o Procon _ afirma.
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