Por Phillippe Watanabe
O número de focos de incêndio até o dia 1º de setembro deste ano é o recorde dos últimos nove anos, com 91.891 pontos de fogo – mais de 50% dos focos são na Amazônia. Na última década, somente 2010 teve um ano pior em queimadas. O mês de agosto, acompanhando o número geral, também é o pior da década, com 30.901 focos – novamente, só superado por 2010.
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No ranking de períodos com mais queimadas, segundo dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), à frente de 2019 só se encontram anos da década passada, quando os níveis de desmatamento na Amazônia eram elevados.
O ano de 2005 lidera o ranking, com pouco mais de 151 mil focos de incêndio. Nesse ano, o desmatamento alcançou 19.000 km². Logo à frente de 2019 está 2006, com 98 mil pontos de fogo e mais de 14.000 km² de desmate no ano.
Em relação ao mesmo período do ano passado, 2019 teve (até 1º de setembro) aumento de 67% nos focos de queimadas. Se considerada sozinha, a Amazônia teve aumento de cerca de 107% em relação a 2018 no período.
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Enquanto isso, o mês de agosto teve um aumento do número de queimadas de cerca de 196% em relação ao mesmo mês de 2018.
Na última quinta-feira (26), o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, afirmou que as queimadas na Amazônia estão sob controle.
— A situação não é simples, mas ela está sob controle e já arrefecendo bem — afirmou Silva, após reunião com o presidente Jair Bolsonaro e com os ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Sergio Moro (Justiça), general Heleno (Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).
No primeiro dia de setembro, os dados do Inpe já mostram 980 focos de incêndio ativos – em 2018, eram 880.
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Crise internacional em função das queimadas
As queimadas na Amazônia e a reação do governo Bolsonaro a elas criaram uma crise internacional de imagem do país. Enquanto o presidente brasileiro, sem provas, acusava ONGs de poderem ter participação nos incêndios, mandatários europeus demonstraram preocupação com a situação da floresta.
A situação mais intensa aconteceu entre o presidente francês, Emmanuel Macron, e Bolsonaro.
O presidente brasileiro seguidamente questionou as falas de Macron sobre a situação amazônica – e também suas intenções quanto à Amazônia – e chegou a ofender, via redes sociais, a primeira-dama francesa.
A França, por sua vez, afirmou que Bolsonaro mentiu ao assumir compromissos em defesa do ambiente na cúpula do G20 (grupo das economias mais desenvolvidas).
Em meio à crise das queimadas, multinacionais começaram a reagir ao assunto, com a possibilidade de boicote do setor privado a produtos brasileiros.
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A VF Corporation, por exemplo, dos EUA, anunciou que 18 de suas marcas – como Kipling, Timberland e Vans– suspenderiam a compra de couro brasileiro após notícias que relacionavam os incêndios na floresta ao agronegócio.
As ações do governo brasileiro
No Brasil, o governo tenta controlar a situação. Para isso, Bolsonaro assinou, no último dia 23, um decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) que autoriza uso das Forças Armadas para combater os incêndios. O decreto tem validade de um mês – vai até 24 de setembro.
Nove ministros de Bolsonaro também irão a Belém (PA) e Manuas (AM) para discutir com governadores da Amazônia Legal a onda de queimadas na região.
Além disso, também há ajuda internacional para o bioma. Na última semana, Bolsonaro afirmou que o Serviço Europeu de Ação Externa foi acionado para avaliar o quadro de queimadas na América do Sul, incluindo a floresta amazônica, informação que foi repassada ao presidente brasileiro pela chanceler alemã Angela Merkel.
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