A Secretaria de Segurança Pública (SSP) diz que os últimos ataques a ônibus no Estado, em Joinville e Criciúma, são ações de bandidos integrantes de facções criminosas em Santa Catarina.
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Em entrevista ao DC, o secretário-adjunto da SSP, Aldo Pinheiro D’Ávila, disse que os atentados seriam uma represália ao Estado pela morte de criminosos que estavam armados em recentes confrontos com as polícias Civil e Militar.
As ordens para os crimes, conforme o secretário-adjunto, partem nesse momento de integrantes de facções que estão nas ruas e não no sistema prisional.
Aldo preferiu não nominar o Primeiro Grupo Catarinense (PGC) como responsável pelos novos episódios de violência pelo Estado.
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– Tudo indica que foi represália. Porque os mortos nesses confrontos são faccionados, têm ligações com facções criminosas e toda a informação que a gente tem é que eles se organizam para fazer retaliação contra o Estado. É o que está acontecendo – disse Aldo.
Entrevista: Aldo Pinheiro D’Ávila, secretário-adjunto da Segurança Pública:
Esses casos agora de ônibus queimados, em Joinville hoje, Criciúma há alguns dias e Florianópolis há algumas semanas. Por que aconteceram?
Aldo Pinheiro D’Avila – Tudo indica que foi represália. Porque os mortos nesses confrontos são faccionados, têm ligações com facções criminosas e toda a informação que a gente tem é que eles se organizam para fazer retaliação contra o Estado. É o que está acontecendo.
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Não seria o caso de a SSP reforçar a inteligência e prevenir nova onda de ataques no Estado?
Aldo – As inteligências estão se comunicando, todas, estão interligadas, organizadas. Tem algumas ocorrências que se consegue antecipar, mas a função da inteligência não é só a antecipação, é a coleta de dados para fornecer ao gestor as informações que ele precisa para tomar as decisões;
Que ações o Estado está tomando para evitar nova onda de atentados?
Aldo – Onde tem foco temos feito reforço de efetivo nessas áreas e o planejamento de policiamento nessas áreas que estão conflagradas, que são Criciúma e agora Joinville. Se faz concentração de efetivo nesses locais.
Não há dúvidas então que esses ataques partem do crime organizado?
Aldo – Sem dúvida. São ações de faccionados. Não se pode dizer que é a facção propriamente dito. Mas são com certeza retaliações de faccionados a mortes de outros faccionados.
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Inclusive o caso de hoje em Joinville?
Aldo – Sim. E essa situação a própria inteligência detecta. Agora não tem como a inteligência detectar que vão colocar fogo num determinado ônibus e numa determinada rua.
Houve detecção de salve-geral (ordem generalizada de ataques) dos criminosos?
Aldo – Nesse momento são informações de inteligência e não posso passar nesse momento.
Essas ordens partem de criminosos em presídios de SC?
Aldo – Nesse momento ainda não, são faccionados que estão soltos.
A letalidade policial está aumentando em Santa Catarina?
Aldo – Foram 10 mortes este ano e 12 em 2014. É um número que preocupa. Não só pela morte do criminoso, mas principalmente pela violência dos criminosos que estão indo para o confronto. O policial em confronto não atira para matar, atira para se defender. O aumento da letalidade é proporcional ao aumento da agressividade dos criminosos contra a policia. Se não reagirem com armas de fogo não haverá confronto, mas se houver confronto, nossos policiais são treinados para voltarem vivos para casa.
Qual o plano de ação da SSP para reduzir essa letalidade?
Aldo – É uma coisa que não tem como se evitar. Por exemplo, se o criminoso reage a tiros, e todas as ocorrências que nós temos constatado, me parece que sem exceção, em praticamente todos os confrontos o confrontado estava armado e atirou nos policiais. É uma situação que se torna inevitável. Se o criminoso reage a tiro a polícia vai confrontar a tiro também.
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Pelo que estão observando esses casos tem tido reação mesmo ou se suspeita que houve algum tipo de abuso policial?
Aldo – Não, não tem nenhum indicativo de confronto no caso de policial no serviço. Uma coisa é policial fora de serviço como é o caso do Ricardinho (surfista Ricardo dos Santos, morto em Palhoça a tiros pelo policial militar Luís Paulo Mota Brentano), que é uma situação que a gente não leva em conta. O que levamos em conta é confronto policial: criminoso na rua em confronto com guarnições das polícias Civil e Militar. Nesse caso, eles estão sempre armados.