A sequência de cinco incidentes com indícios de ação criminosa, a véspera do aniversário da facção criminosa e a tentativa de manter os líderes isolados em prisões federais, acendem mais uma vez o alerta dos órgãos da segurança pública em Santa Catarina.
Continua depois da publicidade
O monitoramento visa evitar ações planejadas e orquestradas pelo crime organizado nas ruas e também redobrar a prevenção aos próprios policiais civis e militares, além de agentes do sistema prisional.
Desde o dia 16 de janeiro, houve dois ataques contra bases da Polícia Militar, um em Chapecó e outro em Florianópolis, e duas viaturas das polícias foram queimadas. Há ainda um incêndio suspeito a um depósito de armas na Academia da Polícia Civil (Acadepol), que está em investigação.
O discurso das principais autoridades por enquanto é de tranquilidade com o atual panorama em que se encontra a facção Primeiro Grupo Catarinense (PGC), cujos líderes estão desde fevereiro do ano passado no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) em uma penitenciária federal em Mossoró, Rio Grande do Norte.
Continua depois da publicidade
O diretor da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado Akira Sato, admite que o período é crítico por causa do aniversário de fundação do PGC, em março, e também porque o Estado busca manter os líderes isolados no RDD por mais um ano.
– As investigações permanecem, o que não se pode diante desses fatos é negar que não seja (ação do crime organizado). É preciso antes investigar e provar que não é – diz.
A Polícia Militar diz que não há nenhuma conotação nos casos que possa levar a crime organizado. Mesmo assim, a agência de inteligência intensifica as informações.
Continua depois da publicidade
– Não há nada até o momento que não seja um terrorisminho localizado, nada que leve à facções – diz o major João Carlos Neves, subchefe da Comunicação Social.
“Estamos redobrando o cuidado”
No sistema prisional, de onde partiram as últimas ondas de atentados nas ruas em Santa Catarina, entre 2012 e 2013, foi redobrada a vigilância.
– Estamos redobrando o cuidado, as trocas de informações estão acontecendo, mas não há nenhuma outra informação de relevância a respeito – diz o diretor do Departamento de Administração Prisional, Leandro Lima.
Continua depois da publicidade
Há dois fatos recentes em cadeias. O primeiro é a morte ainda não explicada do detento Marcos Aurélio de Souza, encontrado enforcado na Penitenciária de São Pedro de Alcântara, no dia 27 de janeiro. Ele estava no raio 4, historicamente em que ficam presos ligados ao PGC.
O outro episódio envolveu um motim na Central de Triagem, o chamado cadeião do Estreito, no dia 31. Os agentes controlaram rapidamente a tentativa de rebelião.
Os casos suspeitos em investigação:
16 de janeiro
Uma viatura da Polícia Civil é parcialmente queimada de madrugada na 1ª Delegacia de Polícia, no Bairro Forquilhinha, em São José. Policiais suspeitam que o crime esteja ligado a uma prisão em flagrante.
Continua depois da publicidade
30 de janeiro
Dois carros são incendiados no pátio de uma revenda em Itajaí. Um deles é uma viatura da Polícia Militar. O fato também aconteceu de madrugada.
2 de fevereiro
Tiros são disparados por volta das 23 horas contra a base da Polícia Militar na Vila Aparecida, região Continental de Florianópolis. Os disparos atingem a parede dos fundos e o carro de um morador. O autor teria sido visto correndo a pé. Os vidros do posto são blindados em razão de outros ataques.
1 de fevereiro
A base da Polícia Militar do distrito de Marechal Bormann, em Chapecó, é incendiada de madrugada. Um homem de 20 anos foi preso. Peritos encontraram as mesmas marcas do tênis do suspeito na unidade policial e na casa dele.
Continua depois da publicidade
2 de fevereiro
Um incêndio atinge de manhã uma sala em que são guardadas armas e munição da Academia da Polícia Civil (Acadepol), em Florianópolis. O fato, em Canasvieiras, no Norte da Ilha, está sendo investigado.