Ao menos 37 pessoas morreram e 35 ficaram feridas no ataque talibã contra o aeroporto de Kandahar, a grande cidade do sul do Afeganistão, atacada por um comando de 11 integrantes, anunciou nesta quarta-feira o ministério da Defesa.

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O ataque coincidiu com a viagem ao Paquistão do presidente Ashraf Ghani, que tenta reativar o diálogo de paz com os insurgentes.

Os talibãs atacaram na terça-feira o gigantesco complexo aeroportuário, que também abriga uma zona residencial e uma base militar conjunta da Otan e do exército afegão.

“Nove criminosos morreram, um está ferido e outro continua lutando com nossas forças”, indicou o ministério.

“Infelizmente, durante os combates 37 afegãos inocentes morreram e 35 ficaram feridos”, acrescentou o comunicado do ministério, que não detalhou se são civis ou militares.

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Um funcionário ocidental disse à AFP que entre as vítimas há muitos civis.

Durante a feroz batalha, soldados afegãos imploraram aos talibãs para que deixassem as crianças e as mulheres partirem, contaram habitantes.

Na manhã desta quarta-feira eram ouvidos tiroteios e explosões, segundo habitantes do aeroporto.

Os talibãs reivindicaram o ataque, lançado depois de vários dias de suposições sobre o destino de seu chefe, Akhtar Mansur.

Os talibãs publicaram em seu site uma foto dos membros do comando que mostra dez homens jovens armados com uniformes militares.

“Entraram na base aérea de Kandahar sem serem detectados” e nos combates “mataram cerca de oitenta pessoas afegãs e estrangeiras e destruíram 13 veículos blindados”, afirmaram os talibãs.

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Em geral, os insurgentes exageram nos balanços de suas ações.

O líder talibã Akhtar Mansur foi gravemente ferido, segundo várias fontes, em uma reunião de dirigentes que terminou em tiroteio.

A ofensiva dos talibãs coincidiu com a visita ao Paquistão do presidente afegão, Ashraf Ghani, que participa em Islamabad da conferência regional Heart of Asia.

A decisão de Ghani de viajar ao Paquistão pode ser um avanço para o reinício de negociações de paz entre o governo afegão e os talibãs, bloqueadas em parte pela desconfiança que existe entre Cabul e Islamabad.

O Paquistão, que exerce uma forte influência sobre os talibãs, a quem apoiou no passado, organizou em julho uma primeira rodada de negociações.

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Mas estes contatos foram suspensos depois que os talibãs anunciaram a morte de seu líder histórico, o mulá Omar, ocorrida em 2013.

“Tornou-se um costume. A cada vez que se fala em voltar à mesa de negociações, os talibãs lançam grandes ofensivas”, destacou em Cabul o especialista militar Atiqulá Amarjil.

Resta saber se “tentam levar ao fracasso os esforços que buscam reativar as negociações ou buscam obtr concessões importantes”, disse o especialista.

A ofensiva contra o aeroporto confirma a capacidade militar dos talibãs, que prosseguem com seus ataques contra alvos governamentais e estrangeiros, apesar da chegada do duro inverno afegão, menos propício aos ataques.

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Nos últimos meses os talibãs realizaram vários ataques bem-sucedidos. No fim de setembro tomaram o controle durante alguns dias da capital provincial de Kunduz, sua maior vitória desde que foram expulsos do poder pela invasão americana, em 2001.

No entanto, surgiram profundas divisões entre os talibãs, o que dificulta o reinício das negociações.

Várias fontes indicaram que o chefe dos talibãs, Akhtar Mansur, cuja nomeação à frente do movimento recebeu críticas internas, havia ficado ferido e inclusive morto em um tiroteio registrado em uma reunião de dirigentes na semana passada no Paquistão.

Os talibãs divulgaram no sábado uma mensagem com a voz de Mansur, que desmentia de forma veemente este suposto tiroteio.

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A gravação foi recebida com ceticismo pelos especialistas.

No entanto, o presidente Ghani disse na segunda-feira que não há provas de que Mansur tenha morrido.

* AFP