Dezenove pessoas, entre funcionários e pacientes, morreram após bombardeio a hospital da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF), na cidade afegã de Kunduz. O ataque ocorreu neste sábado (3) e deixou dezenas de pessoas gravemente feridas. Ao menos 30 estão desaparecidas.

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A Otan admitiu à AFP que um ataque aéreo do exército americano pode ter atingido o hospital da MSF.

As força americanas realizavam um ataque aéreo em Kunduz contra pessoas que ameaçavam as forças da coalizão, o que pode ter provocado danos colaterais em um centro médico nas proximidades do alvo declarou o coronel Brian Tribus, porta-voz da missão da Otan no Afeganistão à AFP.

Segundo a ONG, uma médica avisou aos exércitos americano e afegão que o hospital estava sendo atingido por projéteis, mas os ataques mesmo assim prosseguiram por 30 minutos.

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O chefe do Pentágono, Ashton Carter, afirmou que está em andamento uma investigação exaustiva sobre o bombardeio, apesar de não confirmar que foi realizado pelas forças americanas.O secretário de Defesa americano assinalou que “as forças americanas em apoio às forças afegãs operavam perto, assim como os talibãs”.

O hospital da MSF em Kunduz é um centro sanitário-chave na região e estava funcionando além de sua capacidade durante os recentes combates entre o exército e os talibãs, que assumiram o controle da cidade durante vários dias.

O centro de traumatologia da MSF em Kunduz foi atingido várias vezes durante um bombardeio prolongado e ficou muito danificado informou a ONG em um comunicado.

Confirmamos a morte de nove membros da MSF durante o bombardeio, 37 pessoas estão gravemente feridas e se desconhece o paradeiro de muitos funcionários e pacientes acrescenta o texto.

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A MSF exigiu que se esclareça rapidamente as circunstâncias do ataque. No momento do bombardeio, 105 pacientes e pessoal sanitário e mais de 80 funcionários se encontravam no hospital. Na véspera, a organização informou que 59 crianças estavam sendo atendidas no centro.

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Um residente local contou que seis amigos seus, todos médicos e enfermeiros, se encontram desaparecidos e que familiares das pessoas internadas estão com medo de sair de casa por causa dos dispraros entre o exército e talibãs.

Consternação

O centro de traumatologia da MSF em Kunduz é a única instalação médica na região que pode tratar lesões graves.

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Estamos profundamente consternados com o ataque, pela morte de nossos empregados e pelo alto preço infringido a um centro de saúde de Kunduz declarou o diretor de operações da MSF, Bart Janssens.

Nossa equipe médica está proporcionando os primeiros socorros e o tratamento de pacientes feridos. Pedimos a todas as partes que respeitem a segurança das instalações de saúde e de seu pessoal.

Kunduz está mergulhada numa crise humanitária, com milhares de civis encurralados pelo fogo cruzado das duas forças as tropas do governo e os rebeldes talibãs.

No momento, não se conhece com exatidão o número de vítimas dos combates travados nessa localidade, mas as autoridades disseram na sexta (2) que ao menos 60 pessoas morreram e 400 ficaram feridas.

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Em um comunicado, os talibãs acusaram “as forças americanas bárbaras” de realizar o ataque contra o hospital de “forma deliberada, matando e ferindo dezenas de médicos, enfermeiras e pacientes”.

Desde que foram expulsos do poder em 2001 por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos, os talibãs concentram seus ataques em seus redutos do sul. No entanto, nos últimos meses, reforçaram suas posições na zona de Kunduz, uma cidade estratégica na rota para o Tadjiquistão.

O exército talibã assegurou ter recuperado o controle de Kunduz, mas isso está longe de significar uma vitória no longo prazo de Cabul contra os talibãs.

Durante três dias de ocupação, muitos moradores fugiram e a possibilidade do retorno ao regime fundamentalista dos talibãs (1996-2001) assustou especialmente as mulheres.

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A breve tomada de Kunduz, com 300 mil habitantes, constituiu o primeiro grande êxito do novo líder dos talibãs, o mulá Akhtar Mansur, nomeado após o anúncio em julho da morte de seu antecessor, o mulá Omar. A designação provocou divisões internas no grupo.

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* AFP