Na semana passada, a moradora de Jaraguá do Sul Gislaine Bacca Furdi, 29 anos, percebeu que a guarita da empresa onde ela trabalha, em Schroeder, passou a servir de abrigo para um cachorro que perambulava pelas ruas da cidade. Percebeu que o animal, de porte grande, estava com a pata quebrada, sangrando e cheio de bernes.

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Sensibilizada, Gislaine decidiu ajudá-lo, levando-o ao veterinário e comprou remédio para tratar as bicheiras. Num exame de raio-x, constatou que o cachorro precisava operar a pata, pois a fratura tinha sido grave. A cirurgia ocorreu ontem na Clínica Veterinária Schweitzer, em Jaraguá do Sul. Agora, Gislaine e voluntários da Associação Jaraguaense Protetora dos Animais (Ajapra) precisam de ajuda para pagar o procedimento, que custa R$ 700.

Gislaine descobriu que o cachorro foi atropelado por uma motocicleta quando atravessava a rua, no último dia 8. O animal perambulou pelas ruas com a pata quebrada por cerca de uma semana até chegar à empresa, onde passou a ser cuidado por um casal de vizinhos com a ajuda dela.

– Procurei a Prefeitura de Schroeder, mas disseram que a cidade não tem setor de zoonoses e não poderiam auxiliar no tratamento dele -, conta.

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Após a recuperação, o cachorro ficará disponível para adoção. De acordo com o veterinário Valdemar Schweitzer, o misto de vira-lata com labrador é macho, tem cerca de 12 anos e é extremamente dócil. O cão deve ficar na clínica por mais quatro dias para o acompanhamento pós-operatório.

– Ele está bem de saúde, mas a idade avançada e os dias em que ele ficou com a pata fraturada podem ser complicadores. Se a para não se recuperar será preciso amputar -, explica.

Déficit

A situação vivida por Gisele reflete apenas parte das dificuldades que a Ajapra tem enfrentado para prestar assistência aos animais que vivem em situação de maus-tratos. Hoje, o caixa da entidade apresenta um déficit superior a R$ 3 mil por causa dos gastos com tratamento veterinário, ração, medicamentos, castração e vacinação.

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A voluntária da entidade, Marciele Piccoli Cravo, diz que a Ajapra recebe cerca de R$ 550 por mês em doações descontadas nas faturas de água em Jaraguá do Sul, mas as despesas chegam a ser cinco vezes maior. A entidade atende, em média, 20 denúncias de maus-tratos todos os meses, além de ajudar famílias carentes com alimentos e remédios para os bichos.

– Mesmo realizando esse auxílio, nosso principal foco é a conscientização. Quem tem um animal de estimação precisa se responsabilizar e cuidar dele -, comenta Marciele.

Quem quiser ajudar a Ajapra ou contribuir com o pagamento da cirurgia do cachorro encontrado em Schroeder pode depositar doações de qualquer valor na Caixa econômica Federal, agência 0417, conta 4302-0, operação 003, em nome de Associação Jaraguaense Protetora dos Animais. Outras informações sobre a entidade podem ser obtidas no site www.ajapra.org.br, e-mail ajapra@ajapra.org.br ou na página do facebook.

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Falta de setor de zoonoses em Schroeder é questionada

A Ajapra informou que pretende encaminhar, esta semana, um ofício ao Ministério Público questionando a falta de um setor de zoonoses em Schroeder, para recolher e tratar animais de rua. A voluntária Marciele Piccoli Cravo afirma cerca de 20% dos casos de abandono e maus-tratos registrados pela entidade no ano passado foram em Schroeder.

O prefeito Osvaldo Jurck disse que a administração municipal está estudando a melhor forma de implantar o serviço. Segundo ele, uma das possibilidades avaliadas é firmar parceria com uma clínica veterinária da cidade para oferecer atendimento emergencial enquanto o setor não for implantado num espaço próprio.

– Percebemos que existe a necessidade de implantar esse serviço porque o número de animais abandonados está aumentando muito -, comenta.

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A entidade também está reunindo documentos para apresentar à Prefeitura de Jaraguá do Sul um projeto para conseguir recursos públicos para realizar os atendimentos, que hoje são mantidos unicamente através de doações. A proposta deve ser apresentada até fim do mês. A Ajapra já possui o título de entidade de utilidade pública.