Arrombadores de caixas eletrônicos e envolvidos com o tráfico de drogas se associaram para se capitalizar e incrementar as estruturas do crime em Santa Catarina. A investigação mais recente da polícia mira num grupo de Itajaí, no Litoral Norte, preso com 100 quilos de maconha e suspeito de ataques no Vale do Itajaí.

Continua depois da publicidade

Assim como empresas distintas que se unem em busca do aumento do lucro, o crime também faz associações. Um incremento para o fortalecimento das estruturas operativas e financeiras para agir em outras modalidades que pode estar por trás da onda de furtos e roubos a caixas eletrônicos, no Estado.

Confirmar essa nova prática é o que buscam policiais da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Florianópolis, e delegacias de polícia do Vale do Itajaí, a partir da prisão de quatro pessoas na madrugada de domingo.

Em uma investigação desencadeada havia 60 dias contra o tráfico de drogas, os policiais da Divisão de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Deic descobriram o suposto envolvimento do bando com ações contra caixas eletrônicos, principalmente na região de Indaial e Blumenau.

Continua depois da publicidade

Um dos ataques suspeitos teria sido dentro da empresa Hering, em Indaial, na semana passada, mas a polícia não divulga os detalhes e as outras ações para não atrapalhar as investigações.

Os presos são Jaison Alírio Prazeres, 28 anos, Tiago Luis Beiro, 30, Sharle Marcos Petermann , 32, e Tamires Rodrigues, 24. Segundo a Deic, havia 52 tabletes de maconha no Peugeot 307, que era dirigido por Beiro.

Os outros três vinham no carro que fazia a escolta, um Citroën C4 Pallas. Os quatro estavam chegando de Ponta Porã (MS), cidade que faz fronteira com o Paraguai e rota conhecida das drogas trazidas para Santa Catarina.

Continua depois da publicidade

A polícia apreendeu os dois veículos. O Peugeot teria sido utilizado em uma tentativa de latrocínio ocorrida este ano na BR-470, entre Ilhota e Gaspar.

– Desde o começo (em 2011) eu dizia que havia essa ligação de traficantes com os caixeiros (arrombadores de caixas eletrônicos). Agora, temos informações que poderão incriminar o grupo e esclarecer vários ataques na região do Vale do Itajaí – disse o delegado Cláudio Monteiro, da DRE, apontando a diversificação da ação dos criminosos como maneira de mais ganhos no crime.

Agente de saúde está entre os presos

Entre o grupo preso está uma agente de saúde em Itajaí. Tamires Rodrigues, 24 anos, estava no Citroën que seguia de batedor do Peugeot que transportava os 100 quilos de maconha.

Continua depois da publicidade

Na Deic, Tamires afirmou aos policiais que não sabia da droga no outro carro e que viajara a Ponta Porã (MS) apenas para acompanhar os amigos. Não há informações que ela esteja envolvida nas ações aos caixas eletrônicos.

A Deic suspeita que Jaison e Sharle seriam os principais envolvidos na associação entre o tráfico e os caixeiros do Vale e litoral Norte. A polícia fez buscas nas suas casas, em Itajaí, e apreendeu na de Sharle uma touca ninja (bala clava) e algemas de plástico. A suspeita é que tenham sido usadas em algum assalto. O DC não teve acesso aos presos nem aos seus advogados.

Para o delegado Ilson Silva, diretor da Polícia Civil na Grande Florianópolis, a conexão de criminosos entre várias modalidades do crime é preocupante.

Continua depois da publicidade

– Está sendo no Brasil inteiro assim, a terceirização do crime. Hoje com uma serra copo (círculo de metal na furadeira) o cara estoura o caixa eletrônico rapidamente. A facilidade é grande – diz o delegado.

Para conter uma nova onda de ataques aos terminais, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) mantém uma operação policial de reforço às rondas bancárias na Grande Florianópolis.

A SSP nega que a polícia esteja a serviço de instituições bancárias, mas sim em prol da preservação da ordem como prevenção à coletividade.

Continua depois da publicidade

O crime associado

Tráfico

Pessoas envolvidas com o tráfico estariam praticando arrombamentos a caixas eletrônicos para levantar dinheiro e promover ainda mais o comércio de entorpecentes.

Caixeiros

Depois de assaltar os terminais, seja com maçarico ou dinamite, os criminosos conhecidos como caixeiros pegam o dinheiro e investem na compra de cargas de drogas, principalmente maconha.

Uma das rotas mais utilizadas é a de Ponta Porã (MS), fronteira com a cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero. Os criminosos trazem a droga de carro, com escolta de batedores, e a distribuem para vendedores do varejo em Santa Catarina.

Continua depois da publicidade

Com a diversificação da associação criminosa, os ladrões e traficantes movimentam dinheiro e duplicam o lucro.

Fonte: Deic