Todos os dias, Zino Arndt, 64 anos, vai ao quintal de casa no bairro Costa e Silva, em Joinville, para ver como estão seus bichinhos. Geralmente, estão trabalhando incessantemente, como é comum às abelhas. O joinvilense possui cerca de 250, criadas em caixas de madeira e pedaços de troncos ocos, e é apaixonado por estes insetos que, para muitos, representam risco. Mas não é necessário ter medo das abelhas de Zino: elas são nativas do Brasil e não podem atacar ninguém com o ferrão porque ele foi atrofiado ao longo da evolução da espécie.
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Por isso, é com tranquilidade que, após verificar se está tudo calmo nas colônias instaladas nos fundos de casa, seu Zino retira com as pontas dos dedos e devolve delicadamente para o ar algumas abelhas mais “apegadas”, que se instalaram entre seus cabelos ou pousaram em seu ombro durante a visita.
Ele preside a Associação de Meliponicultores de Joinville (AME-Joinville), fundada em agosto de 2014 por 15 pessoas e que atualmente conta com pouco mais de 80 membros. Quem passou pela Festa das Flores de Joinville pôde conhecer o trabalho da associação, que teve um estande no evento pela segunda vez. Mesmo assim, ainda são consideradas baixas a adesão e o interesse dos joinvilenses pela atividade.
– É preciso ter paixão por elas para fazer este trabalho – afirma.
Os meliponicultores da AME Joinville não comercializam o mel que suas abelhas produzem, até porque a produção é muito baixa. O interesse deles é garantir que elas sobrevivam, mesmo que seja em situação de cativeiro. Entre as atividades da associação está o resgate de ninhos quando é verificado que o enxame está em risco, em locais como troncos podres, churrasqueiras e caixas de força; e a troca de informações e de abelhas.
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– Nós as tirávamos de troncos de árvores, mas hoje isso não é necessário. Somos multiplicadores: temos uma caixa-mãe e, dela, fazemos outras colônias – explica ele.
O trabalho de compartilhamento de informações feito na Festa das Flores faz parte desta tentativa de multiplicar a conscientização da comunidade a respeito da importância das abelhas. Elas são as principais polinizadoras da natureza, responsáveis pela fecundação de pelo menos 80% dos produtos consumidos pela humanidade, mas, nos últimos anos, há relatos e estudos que apontam a morte massiva de abelhas em todo o mundo. Ela seria causada, principalmente, pelos pesticidas utilizados na agricultura.
– As abelhas estão perdendo espaço porque precisam das árvores e o mundo está sendo desmatado. Queremos que os adolescentes entendam isso para que, no futuro, não façam o que os atuais administradores estão fazendo: depredando, desmatando – anseia Zino.
Quem quiser se juntar ao grupo, a Associação de Meliponicultores de Joinville se reúne no terceiro domingo de todos os meses, às 8h30, na Fundação 25 de Julho, em Pirabeiraba.
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