O coronavírus ainda não tem uma vacina, mas pesquisas estão sendo realizadas com o uso da hidroxicloroquina com a azitromicina. Com a divulgação desta informação, muita gente foi até as farmácias e comprou os medicamentes, sem nenhuma comprovação científica da eficácia. O médico Alexandre Sawada Viegas, em entrevista ao Notícia na Manhã desta sexta-feira, explica sobre essa combinação.

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– Está amplamente divulgada a associação da hidroxicloroquina com a azitromicina, lembrando que não é algo milagroso. Amigos italianos estão usando essa combinação desde o primeiro paciente que apareceu na Itália, e não preciso nem dizer o número de mortos que estão aparecendo lá. Existem alguns dados que podem ser promissores, mas não temos evidências ainda hoje para utilizar isso em larga escala. Estamos numa fase que mesmo hospitais que estão usando em alguns pacientes estão utilizando como experimento. Vários locais do mundo estão esperando o andamento de pesquisas que estão sendo feitas com a medicação. Mas não é uma droga que cura, com certeza, talvez uma droga que possa ajudar um grupo específico de pacientes dentro do quadro de coronavírus, e não são os pacientes com sintomas leves.

Outro ponto abordado pelo Dr. Alexandre Sawada Viegas foi sobre a saúde mental das pessoas, que podem desenvolver sintomas de ansiedade durante a quarentena e, por conta disso, se automedicarem com remédios que possuem em casa – sem se ater aos efeitos colaterais.

– É sempre interessante que a gente tenha bastante cuidado no tratamento a problemas ligados aos transtornos de ansiedade, a maioria das medicações que a gente utiliza, como ansiolíticos e antidepressivos, eles têm efeitos colaterais. Alguns deles podem piorar o quadro de ansiedade num primeiro momento, tal que na introdução dessas medicações há necessidade de um acompanhamento médico mais de perto. É importante que as pessoas não se automediquem na questão da ansiedade. A gente espera o retorno de algumas outras atividades a partir da próxima semana no decreto do governador, pelo menos o acesso a parte médica deve ser facilitado.

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O que a gente está vendo é que quem não adotou um esquema mais horizontal tem pagado um preço um pouco alto. O exemplo de você isolar pacientes, como tem acontecido em alguns países orientais, com fatores culturais diferentes, nem tão democráticos para poder fazer isso. A gente vive em um país pobre, em que boa parte dos idosos não mora sozinho, mas com pessoas mais jovens e vão se expor.

Medicamento já é usado em pacientes com lúpus

No Brasil, a EMS detém a licença da hidroxicloroquina desde 2018 e fabrica desde o ano passado. O medicamento é utilizado por pacientes que sofrem de lúpus e doenças autoimunes similares, além de doenças reumáticas, artrites, alguns problemas de pele, especialmente os agravados por luz solar. O remédio também foi muito usado no tratamento de crises agudas de malária.