Entre duas palmeiras imperiais, o busto em bronze do fundador da imprensa catarinense, Jerônimo Coelho ganhou faixa e flores em cerimônia de homenagem na Praça XV de Novembro, Centro de Florianópolis.

Continua depois da publicidade

O frio e o tempo chuvoso na manhã de sexta-feira, em um dos principais espaços públicos da Capital, fez autoridades e figuras expressivas de Santa Catarina vestirem seus elegantes sobretudos de lã para celebrar o início das comemorações no Estado pelos 181 anos da imprensa catarinense e os 80 anos da Associação Catarinense de Imprensa (ACI), no dia 31 de julho.

A principal entidade da imprensa em SC, fundada pelo falecido jornalista Altino Flores, pretende construir o Museu da Comunicação, na Capital. E preparou para as comemorações deste ano, uma programação que inclui homenagens, palestras, cursos, lançamentos de livros, convênios e prêmios aos profissionais de comunicação em toda SC.

Discursos e a participação da banda do Exército vestida com uniforme histórico da tropa colonial marcaram a homenagem da ACI e da maçanoria catarinense a Jerônimo Coelho, fundador da primeira loja maçon de SC, a extinta Concórdia. Aos convidados juntaram-se curiosos como mães com filhos pequenos, idosos e até o homem de cabelos roxos e saia, que anda pelo Centro, conhecido como o “homem do megafone”.

Continua depois da publicidade

_Para nós é motivo de muito orgulho poder reverenciar todos os anos essa figura tão expressiva no Brasil, que é Jerônimo Coelho_observou o presidente da ACI – Casa do Jornalista, jornalista Ademir Arnon.

E foi o próprio Arnon que encomendou ao colunista do DC, jornalista Moacir Pereira, um livro para contar a história dos 80 anos da ACI, que será lançado em outubro, pela editora Insular.

Em suas pesquisas para a publicação, Pereira descobriu fatos peculiares como a existência da primeira forma associativa dos jornalistas em SC, o Clube da Imprensa, fundado em 1902.

Continua depois da publicidade

Outra particularidade generosamente partilhada pelo colega, em plena Praça XV, foi a festa comemorativa da fundação da imprensa em SC, organizada no Teatro Álvaro de Carvalho, em 11 de agosto de 1911. O orador foi o jornalista, redator e político Nereu Ramos.

_Fez um discurso belíssimo, de profundo conteúdo filosófico sobre a liberdade de imprensa_contou Moacir Pereira, que ficou encantado com sua descoberta.

_A Praça XV é nosso Pantheon. Temos reunidos aqui os bustos de Jerônimo Coelho, Cruz e Souza, Victor Meirelles e José Boiteux_disse o jornalista fazendo uma metáfora com o templo dedicado aos deuses romanos.

Continua depois da publicidade

Tecnologia para contar a história

A escolha da Praça XV para a homenagem a Jerônimo Coelho foi a mais acertada, na opinião de Salomão Ribas Junior, corregedor do Tribunal de Contas de SC, integrante da maçonaria, da Academia Catarinense de Letras e da Casa do Jornalista.

_Os céus ajudaram. Nenhum lugar é mais propício para a celebração da liberdade do que a Praça XV porque é na liberdade que a praça propicia que podemos desfrutar a vida sem paredes, sem censuras e sem limitações_observou Ribas Junior, que também falou sobre a Maçonaria e destacou a importância da imprensa para uma sociedade.

_A instituição nasceu com a finalidade de congregar as pessoas de boa vontade para aprofundar estudos de natureza filosófica e melhorar sua formação ética. Quanto a imprensa, parafraseando Ruy Barbosa, é a vista da nação. É através da imprensa que a nação vê o que acontece perto e longe, onde a nação descobre o que lhe fazem, o que ocultam e roubam_concluiu Ribas Junior.

Continua depois da publicidade

Para homenagear a imprensa, a ACI pretende construir o Museu da Comunicação, com muita interatividade e tecnologia, na linha do que é o Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz, em São Paulo. O edital para reforma deverá ser lançado em agosto.

O prédio do antigo Juizado da Infância e Juventude, na Agronômica, dará lugar ao museu. É uma construção no mais puro estilo art déco e por isso será restaurado por especialistas.

A área de 1,2 mil metros quadrados vai funcionar também como centro cultural com café e biblioteca, e vai oferecer exposições permanentes e temporárias, cursos, lançamentos de livros, visitação para escolas e, claro, um acervo permanente com a história da imprensa catarinense. Entre as joias do acervo, a réplica do prelo onde foi impresso a primeira edição de O Catharinense, em 11 de agosto de 1831.

Continua depois da publicidade

Quem foi Jerônimo Coelho

Nome de praças, ruas e escolas, o jornalista, militar e político brasileiro, Jerônimo Coelho era a principal figura no Estado na época do Império. Em 28 de junho fundou a imprensa catarinense editando o primeiro jornal da então província de Santa Catarina.

O Catharinense ganhou as ruas em 11 de agosto de 1831 com uma manchete criticando a monarquia e defendendo a autonomia do Estado. Coelho era um crítico de Dom Pedro I. No mesmo ano fundou a maçonaria em SC.

Em 1832, lançou um segundo jornal, O Expositor. Foi deputado estadual, presidente das províncias de Grão-Pará e do Rio Grande do Sul. Foi ministro da Marinha e da Guerra do Brasil e implantou o ensino militar no país. Ficou conhecido nacionalmente.

Continua depois da publicidade

Nasceu em 30 de setembro de 1806, em Laguna, SC e morreu em 16 de janeiro de 1860, em Nova Friburgo, RJ.