Os moradores de rua que vivem em viadutos e pontes da BR-101, em Itajaí, foram o foco de uma ação da Abordagem Social do município em conjunto com a Autopista Litoral Sul e a Polícia Rodoviária Federal nesta terça-feira. A intenção era oferecer ajuda às pessoas que estão vivendo nesses locais, encaminhando-as para um abrigo ou para suas cidades de origem. Também foi feita a limpeza em áreas que havia necessidade.

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De acordo com a Abordagem Social, nove moradores de rua foram encontrados em quatro viadutos da cidade – a maioria seria usuário de drogas e teria passagens pela polícia. Apenas duas mulheres aceitaram a ajuda do órgão, que as encaminhou para Tijucas, onde uma delas responde processo por tráfico. A coordenadora da abordagem, Nadir Léia Rocha da Silva, explica que este tipo de ação é feita constantemente, mas os moradores geralmente não aceitam ajuda.

– Eles têm direito de ir e vir, nada impede que morem nesses locais, nós fazemos a abordagem e oferecemos ajuda, mas a maioria não aceita. Eles dizem que querem ser livres – relata.

Além da resistência dos moradores, Léia conta que uma das dificuldades do trabalho é o assistencialismo de quem vive em Itajaí. Segundo a coordenadora, essas pessoas acabam conseguindo diversas doações, por isso não querem sair da rua.

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– Tem morador que fatura R$ 170,00 em duas horas na sinaleira, então é claro que ele não vai querer sair dali. As pessoas doam até passagens de ônibus, que depois eles vendem. Recentemente fizemos uma operação como essa, levamos 11 pessoas para a casa de apoio e quando fomos ver todos tinham voltado para o viaduto – explica.

Segundo Léia, Itajaí tem apenas quatro moradores de rua, o restante seriam usuários de drogas que vivem na rua. Ela argumenta que cerca de 30 pessoas estão nessa situação – número que parece maior, pois eles circulam por diversos bairros. Nesta terça-feira, a casa de apoio da cidade abrigava nove pessoas.

Apoio

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) prestou apoio para as equipes de assistência social durante a abordagem aos moradores de rua. Conforme o chefe do núcleo de policiamento e fiscalização da 4ª delegacia da PRF, inspetor Lóis, as pontes e viadutos são locais com pouca segurança.

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– Os riscos para quem vive nesses locais são os atropelamentos e a insegurança, podendo até mesmo ser assaltados ali. Além disso, damos esse apoio porque algumas pessoas podem ter vícios em drogas ou álcool – comenta.

A Autopista também fez a limpeza de algumas áreas onde estavam os moradores, pois havia bastante lixo acumulado, o que facilita a proliferação de doenças.

Especialista diz que solução passa pela ampliação das políticas públicas

A assistente social Aline Gonçalves da Silva acredita que uma das soluções para reduzir o número de moradores de rua é a ampliação das políticas públicas existentes. De acordo com a profissional, Itajaí atrai diversos migrantes em função da facilidade geográfica e por achar que a cidade vai oferecer melhores condições de vida, no entanto, muitas vezes eles acabam ficando nas ruas.

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– Apesar de toda política de saúde mental que existe, isso ainda não dá conta de atender todos os usuários de drogas. Acredito que seja necessário ampliar as políticas existentes e as equipes de profissionais, principalmente dos programas de redução de danos, que trabalham diretamente com o usuário – argumenta.