A segurança da obra de recuperação da Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, foi um item em debate na tarde desta quinta-feira na Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc). Outro foi o cronograma, que a partir de agora terá o acompanhamento mensal por parte da Fiesc e da Assembleia Legislativa.

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O engenheiro Cornelius Unruh, diretor de planejamento da construtora Espaço Aberto, assumiu o compromisso de mensalmente repassar um relatório sobre os serviços planejados e executados. Diante de uma plateia cética, o diretor reafirmou que em dezembro deste ano a ponte será entregue e em condições de ser reaberta ao tráfego de veículos.

A previsão é de que a estrutura provisória de sustentação esteja pronta até a segunda quinzena de agosto, para que o peso do vão central da ponte seja transferido em setembro. A partir de então, será feita a substituição das barras de olhal e de todas as outras peças que apresentem desgaste superior a 10% de seu material.

– Estamos trabalhando para tornar a ponte estável. A partir disso, entraremos nela para fazer os reparos. Mas pela complexidade da obra, que se deteriora a cada dia, é claro que se pode ter surpresas com relação à necessidade de serviços que ainda não estão previstos – sugeriu Unruh.

Parte mais demorada da obra é a que está em andamento

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Conforme o diretor, 31% da obra está finalizada. Sobre os 68% que ainda faltam, explicou que parte mais demorada é a subaquática, quase concluída. Relatou que nessa fase um mergulhador consegue ficar em torno de 30 minutos embaixo d?água, a uma profundidade de 30 metros e com uma visibilidade de um palmo à frente. Conforme o engenheiro, dos R$ 163, 42 milhões previstos para a obra, a empresa faturou R$ 50,76 milhões. O saldo é de R$ 112, 66 milhões.

Sobre riscos da ponte cair, o engenheiro disse que o uso de gruas e de estruturas provisórias que irão dar sustentação ao vão central são os equipamentos adequados. Mas não negou o risco:

– É incerto.

A afirmação suscitou perguntas sobre responsabilidades e ações para minimizar os impactos. Inclusive, por se tratar de uma área urbana e de grande movimentação. O engenheiro disse que o Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) tem informações a respeito, mas contou que ainda não existe o contrato de transferência de cargas – quando os riscos aumentariam.

Conselho de engenharia elogia método

Outro assunto tratado na reunião desta quinta-feira foi a desapropriação das famílias que moram ou têm ranchos de pesca na cabeceira da ponte. Duas famílias estão no lado Continental e uma na Ilha. A questão está sob juízo. O Deinfra fez o depósito do dinheiro e chegou a indicar moradias, que não foram aceitas.

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– A situação ainda não está crítica, mas não pode passar de seis meses – advertiu o diretor de planejamento da Espaço Aberto.

O engenheiro Honorato Tomelin, representante do Conselho Regional de Engenharia, elogiou a tecnologia usada e disse que tecnicamente Santa Catarina está diante de uma obra muito complexa. Para ele, a montagem de um canteiro de obras marítimo sujeito a marés, correnteza e velocidade dos ventos precisa ser compreendido.

Destacou, ainda, que a ponte passou 34 anos sem nenhum tipo de manutenção. Mas não deixou de alertar sobre o chamado “risco de um colapso”.

– Essa ponte só não caiu de teimosa – brincou.

O vice-presidente da Fiesc, Mário Cezar de Aguiar, se declarou cético sobre os prazos. Mas considerou que agora, ainda com atrasos, melhor é que se salve o principal cartão postal de Florianópolis.

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