Na avenida mais movimentada de Florianópolis, perseguição, tiros e uma execução em plena manhã expõem a violência do impiedoso mundo do tráfico que também tem o poder de sair dos lugares mais críticos e menos favorecidos para levar medo à sociedade em geral.

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Foi o que ficou evidente mais uma vez na Capital catarinense com o assassinato desta terça-feira de manhã. Uma ação que não chega a ser incomum na Ilha, onde já houve crimes semelhantes em anos anteriores.

Eram 8h15min da manhã quando homens perseguiram Márcio Henrique da Silva Júnior, de 26 anos, o Bolinha, um ex-presidiário envolvido com o tráfico de drogas, o atropelaram e o mataram a tiros na Avenida Beira-Mar Norte. Parte da cena foi captada por câmeras de segurança de um supermercado.

Dois dos autores fugiram em direção ao mangue. A Polícia Militar montou uma rápida e grande operação, mobilizou unidades de elite e com o apoio do helicóptero da Polícia Civil prendeu em flagrante um deles, identificado como Ismael dos Santos Ribeiro.

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A movimentação se estendeu à tarde com o cerco menor da PM na região, mas ainda existente em busca do fugitivo.

Ao redor do palco da violência, ficou a indagação sobre a insegurança atingir um ponto a cerca de 500 metros da casa do governador e onde ficam em tese lugares mais protegidos como os prédios da Polícia Federal, Ministério Público Federal, Justiça Federal, Advocacia Geral da União e a Ordem dos Advogados do Brasil.

– Quando esse tipo de crime acontece num lugar desses, em plena avenida Beira-Mar, aumenta a sensação de insegurança porque a violência se aproxima aos olhos da classe média. Se fosse no alto do morro não teria essa repercussão – pensa o professor de Direito Penal, Alceu de Oliveira Pinto, levando em conta que os bandos se sentem mais fortalecidos hoje em dia nas ruas por estarem envolvidos com facções criminosas.

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A vítima saiu da Vila Santa Rosa, uma comunidade encravada entre a Beira-Mar Norte e a rua Delminda Silveira, na Agronômica, em que há antigos pontos de venda de drogas no varejo.

Ali, não são raros os casos de tiroteios entre bandidos após desentendimentos e que assustam a vizinhança. Outro detalhe é que fica na rua que leva ao Morro do Horácio, onde também há ação de traficantes. Em janeiro de 2013, por exemplo, a violência na Santa Rosa gerou uma ocupação policial da PM.

“CRIME NÃO ESCOLHE HORA NEM LOCAL”

O comandante-geral da PM, coronel Paulo Henrique Hemm, passava pela Beira-Mar Norte e participou das buscas. Hemm avalia que o crime não escolhe hora nem local, reconhece a problemática do tráfico de drogas e destaca a rápida resposta da corporação com a prisão de um dos envolvidos:

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– 90% dos crimes que ocorrem são de marginais que foram presos e estão soltos novamente. Fala-se em falta de efetivo, mas imagina se a PM não estivesse presente numa situação dessas – declarou Hemm, garantindo que o número de prisões em Florianópolis é crescente e lembrando que a sensação de insegurança atinge o Brasil como um todo.

Comandante da PM, coronel Paulo Henrique Hemm, leva preso em flagrante.

“PREOCUPAÇÃO E DISCUSSÃO”

Indagado a respeito, o delegado-geral da Polícia Civil Artur Nitz admitiu que o episódio lhe causou preocupação e requer discussão para que Santa Catarina não venha a perder os menores índices de violência do País que apresenta.

– Ali é uma área de lazer, as pessoas caminham e acabou colocando em risco toda a sociedade. Por isso é necessária a investigação, a prisão e a condenação para não haver impunidade. Ao mesmo tempo, está na hora de dar continuação ao trabalho de prevenção e educação em tempo integral contra essa inversão de valores – defendeu.

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O número de assassinatos em Florianópolis este ano é inferior ao registrado no mesmo período do ano passado. De 1º de janeiro até esta terça-feira foram 20 homicídios, contra 25 entre 1º de janeiro a 23 de junho de 2014, conforme dados da gerência de estatística e análise criminal da Secretaria de Segurança Pública.

Homem é assassinado na Avenida Beira-Mar Norte, em Florianópolis

Crime na Beira-Mar complicou o trânsito em Florianópolis

Helicóptero Pelicano da Polícia Civil também participou da operação.

Capital registra dois homicídios na madrugada de segunda-feira