A quarta-feira amanheceu diferente na pacata cidade de Ibirama, no Alto Vale do Itajaí. Em frente ao prédio onde moravam Simone Feuser, 32 anos, e a filha Amanda Deucher, 11, pessoas passavam e apontavam para o bloco B. Impossível não falar sobre o que aconteceu em um dos apartamentos do condomínio.
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No Centro, comerciantes e clientes expressavam reação de pesar. O tom das conversas baixos terminavam em uma pergunta: por que o pai e ex-companheiro, Vitor Deucher, 39 anos, de conduta tranquila e sempre presente, chegou ao ponto de matar a filha, a ex-esposa e em seguida se jogar do quinto andar do prédio em que elas viviam?
Questionamento que ecoava na escola onde Amanda estudava e que passou o dia inteiro com um laço preto no portão, demonstrando que uma aluna muito especial não irá mais voltar. Uma das professoras que deu aula para a menina no 1º ano do ensino fundamental conta que ela era uma aluna exemplar, muito tranquila, quieta e que não aparentava ter problemas familiares. Diz também que o pai era quem sempre comparecia às reuniões e que ele mesmo era quem buscava todos os boletins da garota.

Longe dali, há aproximadamente 25 quilômetros do apartamento onde as vítimas moravam, na localidade de Santa Rosa, na cidade vizinha de Presidente Getúlio, familiares, amigos, vizinhos e colegas de trabalho de Simone e professores de Amanda estavam reunidos na cerimônia de despedida das vítimas.
Na entrada da igreja, na área rural do município com pouco mais de 17 mil habitantes, as primas da menina estavam sentadas aos pés da cruz, tentando entender o ocorrido. O salão da paróquia, local das festas da comunidade, desta vez, recebia um velório duplo.
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Visivelmente consternado, o irmão de Simone afirma que a caçula estava vivendo momentos conturbados no relacionamento e que tudo havia se agravado nas últimas três semanas, quando ela decidiu sair e levar a filha para morar no apartamento alugado em Ibirama – onde as duas foram mortas enquanto tentavam fugir do imóvel.
– A gente já sabia que eles não estavam muito bem. Às vezes, a gente estava reunido e do nada eles começavam a brigar por coisas bobas. Nos últimos dias, eu mesmo ofereci a minha casa para ela ficar, porque a gente se falava muito, éramos muito próximos. Mas ela preferiu ficar em Ibirama, por causa do emprego e aconteceu isso tudo – revela Emerson Feuser, irmão e tio das vítimas.
Em relação ao cunhado, Emerson lembra que ele demonstrava grande respeito e admiração pelos pais de Simone. Contudo, a família acreditava que o casal já vivia um histórico de agressões. De acordo com Emerson, Vitor não aceitava o fim da relação de 12 anos com Simone.

O sepultamento de mãe e filha está marcado para ocorrer nesta quinta-feira, às 16h, no Cemitério da Paróquia Católica Santa Rosa de Lima, localidade de onde a promotora de vendas era natural. O corpo de Vitor Deucher foi enterrado nesta quarta-feira à tarde, no Cemitério Municipal de Ibirama.
A Polícia Civil iniciou as investigações para apurar o caso ainda na noite de terça-feira. No local do crime foram apreendidos a arma que teria sido utilizada nos assassinatos, uma faca, e aparelhos celulares. O delegado responsável pelo caso, Leonardo Marcondes Machado, diz que os indícios apontam para um feminicídio, mas somente após o fim do inquérito será possível confirmar a suspeita.
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