Ainda é difícil para os moradores de Rodeio, no Médio Vale do Itajaí, acreditarem que Géssica Tizon, 21, foi assassinada pelo próprio pai na noite desta segunda-feira (12). Durante a manhã desta terça, vizinhos e parentes foram até a casa em que o crime ocorreu e, incrédulos, diante de marcas de sangue espalhadas por todos os cantos, dividiram lembranças que têm da família, exemplo de união.

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Nesta segunda, o homem invadiu a casa dos ex-sogros ao notar que a esposa havia ido embora com os dois filhos mais novos. Ela estava na casa dos pais com os dois, a filha mais velha e um irmão. Exceto os menores, todos foram esfaqueados pelo homem.

Janaína Marcola, 23, não consegue controlar as lágrimas ao falar da amiga, com quem cresceu e estudou. Na vizinhança, o crime espantou não só pela crueldade como também por ninguém nunca ter notado qualquer problema entre os pais de Géssica. Morando há mais de 20 anos no mesmo lugar, as referências sempre foram as melhores:

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— Essa família era querida, um amor. A gente sempre falava para todo mundo: “eu vi muitas brigas em outras casas, mas essas duas casas nunca escutamos nada, nada”. Parece mentira — conta Janaína diante da residência dos avós da vítima, que fica a poucos metros de onde os pais de Géssica moravam.

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Dentro do lar, porém, as ameaças de morte do marido amedrontavam tanto que a mãe de Géssica pediu medida protetiva contra ele na tarde desta segunda. Depois, pegou os pertences acompanhada da PM e foi para o imóvel vizinho, onde residem os avós de Géssica.

Avós de Géssica eram vizinhos dos pais dela
Avós de Géssica eram vizinhos dos pais dela (Foto: Patrick Rodrigues)

A jovem já nem morava mais no imóvel com os pais e vivia em Gaspar. Quando soube da separação e da solicitação que a mãe fez à Justiça, saiu do trabalho em Timbó e foi direto para a casa dos avós.

Segundo o tio-avô de Géssica, Nilton Pedro Dias, 55, o autor do crime arrebentou a cerca e entrou armado no imóvel dos ex-sogros. O idoso conseguiu arrancar a espingarda das mãos do invasor, mas não pôde impedir o ataque com a faca. Géssica teria morrido ao tentar proteger a mãe.

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Quando o oficial de Justiça chegou com o deferimento do pedido de medida protetiva, a tragédia já havia acontecido.

“Realmente choca”

O flagrante foi feito por feminicídio, duas tentativas do mesmo crime (contra a ex-companheira e sogra) e duas tentativas de homicídio qualificado contra o ex-cunhado e sogro. Além disso, ele deve responder pelo porte ilegal de arma de fogo. A perícia não encontrou indícios de que disparos foram efetuados.

A Polícia Civil deve ouvir testemunhas e aguarda a Justiça definir se o homem permanecerá preso preventivamente ou não. Em caso positivo, ao receber alta ele será levado direto ao presídio.

O crime impressionou a pequena cidade do Médio Vale do Itajaí e também aos investigadores:

— Não lembro de ter presenciado nada parecido. Realmente choca — resume o delegado Ronnie Esteves.