É grande o impacto na aldeia sede da Terra Indígena Xapecó, em Ipuaçu, no Oeste de Santa Catarina, onde no começo da noite de terça-feira (23) foi assassinada Elizama Lucas, 21 anos. A indígena foi morta por uma facada no peito. O golpe foi praticado por uma outra Kaingang, uma mulher de 28 anos, que se encontra no presídio de Chapecó.

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Presa pelas lideranças indígenas, ela deve responder por femicídio. O crime também foi qualificado por motivo fútil. De acordo com a Polícia Civil, um desentendimento na porta do colégio foi a causa. A vítima soube que a sobrinha de 13 anos havia sido atingida por golpes de faca pela mãe de uma colega da escola. Elizama, então, foi até a casa da mulher. Acabou atingida por ela, e morreu no local. Por questão de segurança e tratar-se de um território indígena, Polícia Federal e Fundação Nacional do Índio (Funai) foram acionadas. 

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— Tivemos que transferir para outra aldeia quatro famílias ligadas à agressora, as quais tiveram envolvidas nesta situação. Nosso objetivo é o de esfriar os ânimos e impedir mais violência na comunidade — explica o cacique Osmar Barbosa, o Nego.

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Casa incendiada e outros alunos ameaçados

A decisão sobre a mudança foi tomada depois que, na quarta-feira, incendiaram a casa da mulher que esfaqueou Elizama. Ninguém se feriu. As aulas foram suspensas e está marcada para às 10h desta sexta-feira uma reunião com direção, professores e lideranças. O objetivo é fazer com que os educadores estejam vigilantes. Mas também tranquilizar a comunidade escolar. 

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— A confusão foi do portão da escola para fora, mas é importante impedir novos conflitos já que outros alunos foram ameaçados — diz o cacique. 

Existem Boletins de Ocorrência sobre outra briga que antecedeu o óbito, com relatos de empurrões e pedradas. Por isso, o crime está sendo tratado como premeditado, já que por duas vezes a menina de 13 anos foi aguardada no portão da escola, e perseguida no caminho.

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Duas famílias arrebentadas, diz cacique

Para Nego, eleito em maio deste ano e que já foi cacique na Terra Indígena Xapecó, onde vivem em torno de 5 mil Kaingang, a tragédia poderia ter sido evitada: 

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— Foram se meter em coisa de criança, e que já estava resolvida. Agora, a gente vê duas famílias praticamente arrebentadas: a que sofre com o óbito, com a perda da jovem; e dá que está presa, mãe de duas crianças pequenas e entregues para parentes.

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 O cacique diz que como liderança maior colocou-se à disposição para que a situação fosse resolvida com o cuidado que a situação exige: 

— A tragédia atingiu a todos, mas precisamos retornar aos nossos trabalhos e as crianças aos estudos.