Passaram-se seis dias desde o assassinato de Miriam Hatsue Abe, dona de uma floricultura de Garuva que foi atingida com pelo menos quatro tiros na manhã de sábado (11). A mulher estava dentro da casa em que vive com os três filhos e o esposo — e que divide parede com o negócio da família — quando um carro estacionou em frente ao endereço, uma pessoa chamou pelo nome de Miriam e uma segunda atirou contra ela. 

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Com pouco mais de 18 mil habitantes, Garuva é uma tranquila cidadezinha localizada ao Norte catatinense. Conforme o último boletim de indicadores criminais da Secretaria Segurança Pública de Santa Catarina (SSP-SC), em 2021, o município registrou quatro homicídios e, comparado a outras cidades da região, ficou entre os menos violentos. Segundo o delegado Eduardo Defaveri, que está à frente do caso, a maioria das vítimas assassinadas possuía algum histórico criminal. 

Neste 2022, no entanto, Miriam foi a primeira vítima do ano. Isabel Cristina Cordeiro é amiga da mulher há mais de 30 e conta que ela andava sempre com um sorriso no rosto e não tinha inimigos declarados, por isso o caso intriga os moradores e não se fala de outra coisa na pacata cidade. 

— Tenho 48 anos, moro aqui a vida toda e é muito raro ver crime aqui na cidade. Tem os “ladrãozinho de galinha” que a gente diz, mas a gente ainda dorme com porta aberta, carro aberto… Quando acontece uma morte, normalmente tem envolvimento com droga. Mas assim, desse jeito [como foi com a Miriam?] Não conseguimos compreender — desabafa Isabel. 

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Sem explicação

Miriam era casada e tinha três filhos: duas crianças de 12 e 8 anos e um bebê de um ano e sete meses, que ainda amamentava no peito. No dia do crime, segundo Isabel, apenas as crianças estavam em casa e viram o corpo da mãe caído no chão. 

Nas redes sociais, pela circunstância com que ocorreu, amigos, familiares e clientes definem o assassinato como inexplicável, brutal e hediondo. 

— Garuva não entende. Todos que eu converso, ninguém consegue entender o que aconteceu, porque é uma família que não tem passado, você não ouve dizer nada de ruim sobre eles, ela nunca foi de falar mal de ninguém. Uma coisa muito bárbara mesmo. Tirar uma mãe de três filhos, sendo que um ainda mamava no peito. É muito triste — relata a amiga Isabel. 

Isabel trabalha com entregas de marmita e, naquela manhã chuvosa e fria, lembra-se de, por volta das 8h19min, ter recebido uma mensagem de Miriam pedindo marmita, assim como fazia costumeiramente. 

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Elas se visitavam quando a correria cotidiana permitia. No sábado, trocaram algumas palavras e, em seguida, a dona da floricultura fez a encomenda de almoço. Quando Isabel mandou as opções de marmita, no entanto, não teve mais retorno. Preocupada com a falta de resposta, ligou para a amiga, mas Miriam já estava morta. 

A mulher foi baleada 11 minutos após dar “bom dia” para Isabel, que foi avisada sobre o crime por uma irmã. 

— Fiquei sem chão — completa Isabel. 

“Assassinos contratados”

Uma das testemunhas do caso, que pediu para não se identificar, diz que, seis dias depois, pouco se sabe sobre o que motivou a morte da amiga, tampouco a identidade dos possíveis assassinos. 

Assim como Isabel, a mulher reforça que Miriam era “um amor de pessoa” e que não conhece quem não gostasse dela. O que se tem de concreto é que duas pessoas estacionaram um carro preto em frente a floricultura, uma delas chamou pela vítima e atirou. 

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Ela chega a citar que a loja recebia clientes de fora da cidade, mas que era uma clientela fixa de anos e, até então, acima de qualquer suspeita. Para ela, o crime não teve motivação por suspostas dívidas. 

— Ninguém que teve um vaso de flor e não pagou R$ 50 faria algo assim. É ilógico. Parece que foram assassinos contratados, porque, de todos que viram o carro, ninguém nunca tinha visto antes na cidade — comenta.

O que diz a polícia 

No sábado, dia 17 de agosto, completa-se uma semana do assassinato de Miriam. Segundo o delegado Eduardo Defaveri, todas as vítimas e familiares já foram ouvidos e é possível que haja novidades nos próximos dias. 

— Nesse momento, não tenho muito o que passar. A gente está trabalhando bastante no caso — afirma o investigador. 

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Conforme informações da Polícia Militar, um carro escuro com duas pessoas parou em frente à floricultura, por volta das 8h30 de sábado, e o carona a teria chamado, sem desembarcar.

Assim que saiu de dentro da floricultura, ela foi atingida pelos tiros. Vizinhos chegaram primeiro e tentaram socorrer a mulher, que não resistiu e morreu no local. 

Os suspeitos fugiram e ainda não foram localizados.

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