O susto persiste. Mesmo já morando no apartamento que só seria habitado em fevereiro, qualquer barulho desperta a atenção e traz as lembranças da manhã do dia 9 ao casal de idosos que teve a casa, no Bairro Itoupava Seca, invadida e ficou sob a mira das armas de três bandidos por quase uma hora. Ela, de 65 anos, se preparava para ir ao trabalho. Ele, de 69, ainda dormia enquanto a funcionária preparava o café e foi surpreendida por criminosos. Essa é mais uma família feita refém na própria casa em Blumenau. Já são pelo menos seis casos desde novembro.

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– Dois chegaram em uma moto, e o outro eu acho que já estava escondido por ali. Eles entraram no pátio e um apontou a arma para a empregada na janela. Quando ela foi fechar a porta, que só estava encostada, o outro entrou dizendo que era assalto. Eles queriam saber onde ficava o cofre e pediam R$ 100 mil. Eu não sei de onde eles tiraram que a gente tinha cofre em casa, muito menos esse dinheiro – conta a moradora.

Depois de invadir o quarto do casal e revirar armários e gavetas enquanto ameaçavam as vítimas de agressões e até de morte, o grupo levou dois cheques de R$ 5 mil, cerca de R$ 600, algumas notas de dólar que o casal tinha nas carteiras, o celular da empregada e um carro.

Antes de fugir, o grupo trancou o casal e a empregada em um quarto. Para ser resgatada, a família quebrou a porta com um pedaço de granito que estava no quarto. A empregada passou pelo buraco e ligou para uma das filhas do casal. O momento de temor pela própria vida passou, mas deixou marcas que vão demorar para sumir.

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– Na hora tive bastante calma, disse para eles levarem tudo mas não nos machucarem. Tudo com o tempo passa, mas eu não me sinto mais segura, ando esquecida das coisas. Meu marido também ficou bem abalado, está aéreo, confuso – conta a vítima.

Crimes como esse causam agravantes psicológicos que, em alguns casos, exigem tratamento especializado. A doutora em Psicologia Social Catarina Gewehr explica que essa experiência provoca um estresse intenso nas vítimas e requer atenção da família e às vezes acompanhamento médico e psicológico para reparar o choque causado pelo ato de violência.

A recuperação do estado psicológico da vítima não tem prazo, e varia de acordo com cada pessoa e com a forma com que cada um recebe a violência. No entanto, a psicóloga destaca a característica de sobrevivência e superação do ser humano.

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– Na Psicologia não falamos em trauma, mas em condições de superação, e o ser humano é muito hábil em superar porque a tarefa de continuar vivendo é maior do que continuar sofrendo por uma coisa que já passou – analisa Catarina, ressaltando que em muitos casos, depois de passar pela terapia, a vítima acaba vendo pontos positivos e até sentindo pena do criminoso.

Como superar o trauma

– A presença da família é muito importante. Nas primeiras duas semanas após o assalto a vítima não deve ficar sozinha. Trocas de fechaduras, contratar segurança privada e comprar um cão de guarda podem ajudar a trazer a sensação de segurança

– Crianças e idosos exigem atenção redobrada. Por serem mais frágeis devem ter atenção total após um assalto dentro de casa

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– Se após duas semanas a vítima apresentar sintomas como perda de peso, alterações de apetite, diarreia, mal-estar frequente ou qualquer estado diferente do habitual deve ser levado ao médico ou psicólogo

Fonte: Catarina Gewehr, doutora em Psicologia Social