Um dos medicamentos mais consumidos no mundo, a aspirina (ou seu princípio ativo, o ácido acetilsalicílico, o AAS) é também um dos mais controversos. Desde que começou a ser comercializada, em 1899, a aspirina chama a atenção de médicos para os benefícios que pode trazer, mas também para seus efeitos colaterais. O medicamento que conquistou fãs nos quatro cantos do mundo é foco de discussões e opiniões diversas.

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– Antigamente se dizia que todo homem a partir dos 40 anos deveria tomar uma aspirina. Hoje, vemos que não é para todo mundo – diz o chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Luis Eduardo Rohde.

Além de seu consumo maciço – são 215 milhões de comprimidos diários – para curar dores de cabeça e diminuir a febre, a aspirina é utilizada para prevenir infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVC). Pesquisas mostram que, quando consumida regularmente por quem já teve um ataque cardíaco, ela pode diminuir os riscos de um segundo evento em 20% a 30%. Dois estudos recentes publicados na revista médica The Lancet demostraram que o AAS também reduz o risco de câncer. Com todos esses benefícios, por que nem todo mundo pode tomar?

– A aspirina é um remédio, e nenhum remédio deve ser usado sem a recomendação de um médico – resume o cardiologista Oscar Dutra, do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul.

Segundo Dutra, a aspirina pode causar sangramentos nasais e gástricos, reações alérgicas, náuseas e vômitos. Um estudo recente indicou que a ingestão prolongada pode contribuir para surgimento de uma doença que deteriora a retina, causando perda de visão. Estabelecer uma relação direta entre o uso de aspirina e a cegueira, entretanto, é precipitado.

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– O estudo não comprova que a aspirina causa o problema. Ele levanta uma hipótese que pode ser comprovada ou não – explica Rohde.

Para o cardiologista, em cada caso o médico deve pesar os fatores de risco individuais e o histórico familiar do paciente antes de prescrever a aspirina.

– É preciso avaliar se os benefícios são maiores do que os riscos. Nesses casos, sua administração vale a pena – explica Dutra.

Nome composto

Foi o químico alemão Heinrich Dreser quem deu o nome de aspirina ao ácido acetilsalicílico, em 1899: o “a” vem de acetil. A sílaba “spir” faz alusão à Spiraea ulmaria, nome científico da planta da qual se obtém o ácido salicílico. Já o sufixo “in” era comumente utilizado naquela época.

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Fique de olho

Para quem é recomendado o uso diário da aspirina?

– Pessoas que já tiveram infarto

– Quem tem angina (dor no peito)

– Quem já colocou stent (tubo que facilita a passagem de sangue para o coração)

– Quem tem risco de desenvolver problemas cardíacos

– Quem já sofreu acidente vascular cerebral (AVC)

Quem deve ter cuidado com o medicamento?

– Grávidas nos primeiros e últimos meses de gestação

– Pessoas que apresentem qualquer tipo de reação alérgica ao ácido acetilsalicílico e a outros analgésicos

– Pessoas que sofram de asma brônquica

– Quem tem mau funcionamento do fígado ou rins

– O uso de aspirina é totalmente contraindicado em casos de dengue

Assim como qualquer medicamento, a aspirina tem diversos efeitos colaterais. Conheça alguns:

– Comuns: dor de estômago, problemas gastrointestinais e sangramentos intestinais leves

– Ocasionais: náuseas, diarreia e vômitos

– Raros: reações alérgicas, sangramentos e úlceras do estômago, alterações da função do fígado e rins