Para Christiane Pudler, muito mais do que um navio afundou na costa italiana na noite de sexta-feira. Com o Costa Concordia, vão para o fundo do mar as boas lembranças que a porto-alegrense colecionou em seus 10 meses de trabalho na recepção do navio naufragado.

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Em pelo menos 30 dias desse período, conviveu com o comandante Francesco Schettino, suspeito de ter causado o naufrágio em uma malfadada aproximação da ilha de Giglio.

– Nunca conversei com ele, mas sempre que o cumprimentava, ele nunca respondia, como faziam os outros oficiais. Andava sempre de nariz empinado e peito estufado, parecia que tinha um cabo de vassoura nas costas. Às vezes, parecia que usava o navio e sua função para se exibir – descreve.

Do tempo em que passou embarcada – entre novembro de 2009 e setembro de 2010 -, ela ressalta que Schettino foi, entre todos os comandantes, o mais jovem e inexperiente.

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O que Christiane lamenta é que a manobra e a forte suspeita de que ele tenha abandonado o Concordia antes de retirar todas as 4.229 pessoas a bordo possa manchar a reputação da empresa, que ela considera irreparável em termos de segurança. Antes de embarcar, passou uma semana intensiva em treinamento. A bordo, o reforço para atuar em caso de emergências era semanal e contínuo:

– Toda vez que cumprimentávamos um oficial, ele respondia e fazia uma pergunta: “quantos botes salva-vidas há no navio?”, “quanta água em cada bote?”, “o que você faria se…?”. Chegavam a ser chatos de tão exigentes.

Nas simulações – e em um caso prático -, a função de Christiane era checar os coletes salva-vidas dos passageiros. Nunca viveu a experiência real, mas acredita que só a falta de comando possa ter causado o caos descrito pelos sobreviventes da noite de sexta-feira.

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Formada em Hotelaria pela Universidade de Caxias do Sul, 39 anos, a hoje dona de um café na zona sul de Porto Alegre viveu ali sua primeira experiência de trabalho em um navio de cruzeiro.

*Com informações da AP e AFP