O cantor britânico Zalon não era apenas backing vocal de Amy Winehouse. Amigo da cantora, era incentivado por ela a produzir suas próprias músicas. No show em Florianópolis, em janeiro de 2011, ele teve a primeira oportunidade de cantar diante dos fãs da diva – na ocasião, ele apresentou Everybody Here Wants YoueWhat A Man Going To Do.

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Eles se conheceram quando Zalon se apresentava em um clube de Londres, logo depois dela ter lançado seu primeiro álbum, Frank (2003). Impressionada, Amy invadiu o palco para elogiar a performance do futuro amigo e colega de trabalho – na época, ele nem sabia quem era ela.

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O cantor conversou por e-mail com o DC logo após uma breve passagem pelo Brasil, onde apresentou um show em homenagem à amiga, no Rio de Janeiro. Confira:

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Recentemente, você voltou ao Brasil para apresentar seu novo trabalho. Como foi a recepção dessa vez? E o que os fãs da Amy Winehouse podem esperar do seu EP?

Eu lancei recentemente um EP com seis faixas, algo como um mini álbum, chamado You Let Me Breathe e que está disponível em todas as boas plataformas digitais. Ele foi nomeado por uma canção que escrevi para minha querida amiga Amy Winehouse quando eu descobri que ela havia falecido. Eu me apresentei no Brasil em quatro diferentes ocasiões e todas as vezes a audiência me recebeu com muito amor. O EP é uma maneira de fazer a ponte entre o que os fãs ouviram de mim antes e onde eu estou levando a música com meu álbum Liquid Sonic Sex.

Fale mais sobre a música que você escreveu para Amy.

Eu descobri que Amy tinha morrido enquanto eu estava de férias na Espanha. Eu vim abaixo instantaneamente e peguei um voo de emergência para casa. Eu não podia ir para casa pois havia paparazzi por fora da minha casa, então eu fui para o estúdio que se tinha tornado o meu porto seguro. Eu já tinha começado a gravar meu álbum e sabia que lá eu poderia estar longe de tudo. Eu estava entorpecido de dor, em choque e não sabia o que fazer comigo mesmo. Então meu produtor sugeriu que eu colocasse meus sentimentos em uma canção. Não era para ninguém ouvir. Lembro-me de chorar durante a gravação. Eu nem me recordo de escrevê-la, as palavras apenas fluíam para fora de mim. Isso me ajudou a lidar com a situação. Um ano depois, um amigo sugeriu que eu a lançasse para marcar o aniversário de Amy. Eu lancei e os fãs ao redor do mundo se conectaram com a música, e vários me disseram que ela espelhava a forma como Amy se sentia. Então fico feliz de termos sido capazes de passar por esse processo juntos.

https://www.instagram.com/p/BHfHecRAErW/

Post no Instagram de Zalon quando ele esteve no Brasil, no começo de julho

Você tem memórias do show em Florianópolis, o primeiro da turnê brasileira, em 2011?

Eu acho que, coletivamente, a banda teve uma das melhores experiências nessa turnê. Nós apreciamos a cultura, a comida, as pessoas e as performances no Brasil. Essa turnê é algo que eu pessoalmente vou estimar para o resto da minha vida como a primeira vez que Amy me deu 15 minutos no meio de seu show para eu performar minhas próprias músicas. Então o Brasil sempre terá um lugar especial no meu coração.

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Você foi um dos primeiros a se manifestar no Twitter depois da morte de Amy. Como foi pra você receber a notícia?

Foi muito difícil. Não sei se é possível superar de verdade. Eu nunca disse isso a ninguém antes, mas às vezes eu dirijo até sua casa e faço uma oração por ela. Amy era a “cola” para a banda, eu ainda vejo alguns membros mas não tão frequentemente como antes. Após sua morte, a vida mudou dramaticamente para mim. Com ela eu estava trabalhando de forma consistente, ela tinha me levado para sua gravadora Lioness e meu trabalho estava próximo de ser lançado. Então, tudo mudou. Como ela era a motivação por trás de tudo, a minha música não era mais a prioridade. E minha irmã Anika teve câncer e faleceu, deixando três filhos para trás, o mais jovem com dois anos. Parei de fazer música por cerca de um ano e meio para cuidar dela. Eu tive que crescer e assumir a responsabilidade. Agora seus filhos são mais velhos e eles estão crescendo bem. Eles são agora a minha motivação para levar a música para o mundo.

O que você acha que Amy (e você) estariam fazendo hoje se ela ainda estivesse viva?

Eu acho que ela teria um novo álbum agora. Acho que estaríamos em turnê pelo mundo com o novo álbum e ainda cantando músicas de Back to Black. Acho que eu teria lançado minha música pelo seu selo como agente tinha planejado. E penso que nós teríamos feito participações nas canções um do outro.