Às vésperas de encerrar, a temporada da tainha deve fechar entre as maiores já registradas nos últimos anos em Florianópolis. Até a sexta-feira (20), há exatos 10 dias do fim da pesca, 243,6 mil peixes haviam sido pescados nas 14 praias da Capital, quase 100 mil a mais do que o último ano.
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Neste domingo (3), um lance com cerca de 3 mil tainhas ocorreu na Lagoinha do Norte. O número não está contabilizado na última atualização da prefeitura, o que deve ocasionar ainda uma crescente nos dados gerais da safra já nesta segunda.
A temporada da tainha, que tem início anualmente em 1º de maio, demorou a registrar grandes lances manezinhos. No primeiro mês de pesca, a safra chegou a ser considerada fraca pelos pescadores, que não tinham alcançado nem 40 mil pescados e mantinham expectativas baixas.
— Está ruim, não está bonita não. Está feio, horrível — disse Aldori Aldo de Souza, pescador no Sul da Ilha de Santa Catarina, na época.
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Nos últimos 5 anos, conforme dados da prefeitura, a melhor safra foi em 2020. Na temporada, Florianópolis somou 290 mil pescados, o que superou todos os anos seguintes. Em 2021, Santa Catarina teve uma das piores safras da tainha, quando a Capital registrou 144,7 mil peixes, número menor do que no ano seguinte (2022), que teve 145 mil capturas.
A previsão para a temporada deste ano era de que os números se mantivessem em baixa também, conforme previu a associação de pescadores no início de junho. A situação foi associada aos efeitos climáticos, somados à degradação dos ambientes costeiros.
Ciclone interfere na pesca da tainha, e SC tem queda de 44% na captura
Para que a temporada seja boa e os cardumes cheguem no Estado é necessário um ritual climático específico. Os peixes, que saem do Sul do Brasil, encostam no Litoral catarinense com a ajuda do vento sul — os cardumes aproveitam as correntes marítimas das frentes frias para desovar em águas costeiras mais quentes, como é o caso de SC. Se a direção do vento, porém, não for como o esperado, a pesca é atrapalhada pelo número baixo de tainhas, que não conseguem costear o litoral do Estado.
Entenda por que as tainhas estão demorando para chegar a Santa Catarina neste ano
Um evento climático positivo para a pesca da tainha em Florianópolis só foi registrado depois de 50 dias de temporada, quando cerca de 10 mil tainhas foram capturadas na Lagoinha do Norte. Desde então, os números cresceram e cerca de uma semana depois, já eram registrados quase 190 mil peixes.
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A pesca da tainha artesanal é feita por comunidades tradicionais que, em embarcações pequenas dentro do mar, jogam uma rede de cerco, fechando os animais em um “saco”. A rede, assim que o cardume é capturado, é “arrastada” pelas extremidades até a areia da praia. Geralmente fazem parte dessa atividade 10 a 15 pescadores.
Jurerê ganhou ranchos gourmets em 2023
A praia de Jurerê, no Norte de Florianópolis, ganhou ranchos gourmets este ano. Os pedaços dispensáveis de madeira montavam anteriormente a estrutura de quatro ranchos, mas com o fim da temporada, todas essas estruturas eram demolidas. Este ano, porém, a associação dos moradores do bairro construiu ranchos maleáveis, que podem ser desmontados com facilidade, e que de quebra compõe a areia da praia em tons de azul, amarelo e verde.
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