As casas geminadas que margeiam a Rua Gaspar Neves, na entrada do Centro Histórico, foram construídas no século XIX e são uma importante herança cultural luso-açoriana. Junto com as construções ao redor da Praça Hercílio Luz, formam o conjunto arquitetônico de maior valor histórico em São José.
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São seis construções em alvenaria mista em pedra e tijolos, em sua maioria em bom estado de conservação. Todas foram construídas para servirem de residências, mas atualmente três delas perderam esta função: uma é propriedade da prefeitura municipal; outra foi a sede do cartório de Registros de Imóveis do município e agora um estabelecimento comercial; e, a terceira, e maior delas, hoje fechada, já abrigou o conhecido Café da Corte e em 1845, quando era propriedade do coronel Xavier Neves, abrigou D. Pedro II e sua esposa, Tereza Cristin, em visita às águas termais de Santo Amaro.
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Das edificações até hoje utilizadas como residência, uma delas serviu como pensão e moradia para a senhora Diba Gerber, uma das parteiras mais conhecidas, numa época em que a medicina oficial era difícil e cara.
Ali, na terceira casa
Na terceira casa (como mostra a foto antiga), mora Gilberto Gerlach, 70 anos, figura conhecida tanto em São José como em Florianópolis. A sua história se mistura com a da cidade em vários momentos e há 25 anos habita um dos casarios antigos do Centro Histórico de São José. Dentre cartazes de filme, fotografias antigas, quadros e móveis _ que parecem verdadeiras obras de arte _ conversamos sobre sua trajetória.
Amante do cinema, da fotografia e da história, seu interesse pela pequisa aconteceu desde muito cedo. “Sou engenheiro de formação, mas os anos de faculdade se estenderam porque eu intercalava meu tempo entre as aulas e a pesquisa histórica”.
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Durante os anos de estudante na UFSC, além do interesse pela história de Desterro, se dedicou também a reprodução de fotos antigas da cidade. Fundou o primeiro cineclube da universidade e foi responsável por dois cinemas de referência para os cinéfilos: o cinema do CIC, em Florianópolis, de 1984 a 2009 e o Cine York, em São José, de 1998 a 2008. “Era muito bom, eu tinha muito prazer em poder projetar filmes importantes, raros até. Tinha gente que vinha de localidades de Florianópolis para assistir filmes aqui no Cine York, aqui em São José”, comenta orgulhoso.
Pela história e pelo cinema
Ainda criança começou uma amizade que perduraria até hoje e viria a dar bons frutos, com Osni Machado, outro cidadão josefense. Os dois se aproximaram pela curiosidade em comum pelo cinema. “Colecionávamos pedaços dos negativos que sobravam do projetor do cinema, colávamos as cenas e projetávamos na sala de casa”, lembra.
O interesse pela história da cidade começou quando acharam, num armário de seu pai, um livreto sobre o bicentenário de São José, em 1950. “Ficamos super intrigados em saber como teria sido ‘o antes’. Ficávamos imaginando, imaginando”. A curiosidade os levou a bater de casa em casa atrás de registros de qualquer espécie que ajudasse a contar a história de São José.
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No final da década de 70, ao saber da ameaça que o Theatro Adolfo Mello sofria, de ser demolido para a construção de uma empresa de caminhões, Gerlach se prontificou a ajudar no projeto de recuperação do prédio, através da Fundação de Cultura de São José. Em 1982 foi reinaugurado o cinema neste mesmo espaço. Para a ocasião escreveu uma revista com um pouco do material que coletara ao longo dos anos, contando um pouco da história da localidade, para que fosse distribuída ao público. “Como eu não tinha dinheiro para a impressão, vendi um terreno e consegui fazer a revista”.
A revista foi o embrião para o livro publicado em parceria com o amigo Osni Machado, em 2007, com incentivo de Rosinha Schmidt. A obra de 332 páginas abriga todo o material recolhido durante anos de pequisa. “São José da Terra Firme” é referência para quem se interessa em saber um pouco mais do município. Hoje planejam a segunda edição que prevê incluir fotografias e documentos que ficaram de fora da primeira.
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