Três capas do Diário Catarinense alcançaram enorme repercussão ao longo da semana, todas sobre assuntos relevantes para os catarinenses. As primeiras páginas sintetizam esforços nem sempre visíveis, mas que mobilizaram cerca de 200 jornalistas do DC, Hora de Santa Catarina, Jornal de Santa Catarina, A Notícia e O Sol Diário, jornais do Grupo RBS no Estado.

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O Diário de segunda-feira chegou às bancas e às casas dos leitores com uma novidade: não havia manchete. No jargão jornalístico, a manchete é o título em destaque na capa e sua função é chamar atenção para aquele assunto considerado de maior importância na avaliação dos editores. E por uma simples razão: não havia o que dizer, já que a imagem falava por si. O drama do casal Valentino Zermiani, 61 anos, e Vanilde Nasato Zermiani, 58 anos, salvo das águas que subiam no bairro Canoas, em Rio do Sul, expressava a angústia dos desalojados no Alto Vale. O autor do registro é o experiente repórter fotográfico Artur Moser, do Jornal de Santa Catarina.

Na edição de terça-feira, uma cena em Rio do Sul trazia impressionante semelhança com a bandeira do Brasil e inspirou a manchete “Mais ordem do que progresso”, um resumo do que se viu durante a cheia. Alertada pela meteorologia e sob a eficiente orientação da Defesa Civil, a população das áreas alagáveis atuou com rapidez e minimizou prejuízos. Felizmente não houve vítimas fatais, mas o sistema de prevenção progride a passos mais lentos do que o esperado há décadas.

– Quando bati o olho na cena, vi a bandeira. Esperei a moto passar no centro do viaduto para fazer o clique – explica o autor da imagem, o repórter fotográfico Cristiano Estrela, do Diário Catarinense.

A repercussão alcançou horizontes longínquos. Da Espanha, um especialista mundial em desenho de jornais, o professor Ramón Salaverría, comentou pelo Twitter: “Grande foto, grande título. Isto é dirigir-se ao leitor com inteligência”.

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O que era para ser a semana das águas teve tristemente o protagonismo dividido por outro elemento: a fumaça. Santa Catarina amanheceu quarta-feira sob a perplexidade e o temor da coluna que se erguia do incêndio no depósito de fertilizantes em São Francisco do Sul, acidente cujo impacto ambiental o leitor pode conferir na reportagem das páginas 6 a 10 desta edição.

Uma imagem de Salmo Duarte, de A Notícia, dava a exata dimensão da magnitude do fenômeno: a altura da nuvem comparada às pessoas e aos veículos estacionados na rodovia interrompida no Norte do Estado. E dominou a capa de quinta-feira.

Ao contrário do que se pensa, nem sempre a primeira página tem como principal objetivo vender jornal. Ela deve comunicar-se com o leitor buscando o exato tom do fato. Quando uma primeira página fala alto, o jornal está dizendo “isto é especialmente relevante”. É claro que a avaliação é subjetiva e nem sempre o jornalista acerta, mas nenhum veículo pode fugir ao seu dever: ser um guia para seu leitor, sem medo de chamar a atenção para o que, pela gravidade, foge ao normal.

As três capas são fruto do trabalho de cinco redações e receberam múltiplas avaliações dos leitores. Não buscam o impacto pelo impacto nem mesmo o consenso, mas pretendem provocar a reflexão sobre o que é fatalidade e o que é nossa responsabilidade evitar.

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