Entre o primeiro procedimento médico após ter tido a mão amputada e a recuperação dos movimentos dos dedos foram oito horas de uma jornada de processos bem sucedidos.

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Felipe Fausto da Silva, 21 anos, terá uma longa recuperação, mas o curto espaço de tempo desde o acidente de trabalho em uma empresa têxtil que lhe amputou a mão esquerda até o primeiro olhar para o membro reimplantado aliado ao bom desempenho da equipe médica do Hospital Santo Antônio deram um novo destino para a vida do jovem. Em uma semana, ele vai poder sair da unidade de saúde e começar as sessões de fisioterapia que se estenderão pelos próximos dois anos.

Infográfico: Maiara Santos

O ortopedista e cirurgião especialista em mãos, Filipe Pimont Berndt, explica que em primeiro lugar, o membro chegou em bom estado e como o corte no punho foi reto, causado por uma navalha, aumentou ainda mais as chances de Felipe recuperar a função do membro amputado.

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A cirurgia é altamente complexa _ foram recuperados duas artérias, cinco veias, 24 tendões, três nervos, além dos ossos. Durante o procedimento, uma equipe formada por um anestesista, um cirurgião, três residentes, uma enfermeira e dois técnicos trabalharam durante cinco horas para reimplantar a mão de Felipe. Segundo Berndt, algumas sequelas ficam:

_ A dor e alterações de sensibilidade e movimentos podem ocorrer depois, mas não se comparam com a recuperação do membro. A gente não espera que ele tenha uma função normal, mas ele vai conseguir mexê-la. O resultado funcional só será analisado completamente após dois anos.

Este é o segundo reimplante de mão que ocorreu no Hospital Santo Antônio. O outro foi em março de 2011, com Brian Henrique da Silva Freire, que na época tinha 18 anos. O jovem perdeu a mão em uma máquina que triturava plástico. De acordo com o médico, Felipe se recupera muito bem da cirurgia, mas o risco permanece pelas próximas três semanas.

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_ Ele está ótimo. Ainda não sente os dedos, mas já consegue fazer alguns movimentos. A primeira coisa que ele fez quando acabou a cirurgia foi chorar ao ver a mão novamente. Tudo isso só foi possível pelo estado em que o membro chegou, pela equipe e também pelo suporte do hospital e da própria empresa em que ele trabalha _ concluiu o médico.

>> Como proceder quando um membro é amputado?

De acordo com o cirurgião especialista em mãos, Filipe Pimont Bernt, o membro deve ser enrolado em um pano úmido dentro de um saco plástico e colocado dentro de um isopor com gelo. Nunca deixar o membro em contato direto com o gelo, caso contrário vai haver uma queimadura térmica e pode prejudicar qualquer possibilidade de reimplante. Segundo Bernt, o tempo entre o acidente e a cirurgia tem de ser o menor possível. Se o membro chegar em bom estado, o tempo máximo entre o acidente e o procedimento cirúrgico deve ser de, no máximo, oito horas.