Antes da epidemia global do vírus da gripe A, sintomas como dor de garganta, tosse e febre alta podiam até preocupar o doente, mas não chegavam a alarmá-lo. Receitas caseiras, chás e antigripais faziam parte das medidas adotadas para frear o avanço da doença até que ela fosse curada de vez. Mas esse tipo de comportamento mudou na tentativa de enfrentar o que está sendo considerado um risco iminente. O vírus da gripe A (H1N1) está presente nas conversas e alterou hábitos, mesmo em regiões com poucos casos confirmados.

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Os hospitais são os lugares em que isso é mais visível. Em Joinville, todos adotaram medidas de restrição de visitas, controlando ao máximo o trânsito de pessoas entre os doentes. As emergências também não são mais as mesmas, dobrando ou até triplicando o volume de atendimento. O Hospital Dona Helena vive essa situação há semanas. Segundo o diretor Bráulio Barbosa o pronto-socorro é o setor com a rotina mais afetada. Os plantões precisaram ser reforçados, e as pessoas gripadas ganharam uma área de atendimento exclusivo, com direito a máscara para todo mundo.

– Estamos conseguindo enfrentar o vírus, mas não sem algum desconforto, já que as outras doenças não pararam – afirma.

Se no ambiente hospitalar os procedimentos mudaram, nas ruas também é possível sentir o clima da gripe A. Nas últimas semanas, multilplicaram-se, em Joinville, iniciativas de prevenção. O álcool virou um grande aliado, assim como o gel antisséptico. De produto de limpeza, ele se tornou praticamente um santo remédio para evitar a proliferação do vírus. Na lista dos compradores de álcool, há desde colégios até cinemas e restaurantes.

Nas escolas, as medidas mais comuns são as janelas sempre abertas, o álcool nos banheiros e a dispensa de alunos com qualquer sintoma de gripe. As medidas básicas servem, principalmente, para proteger um grupo considerado de risco: o de crianças e adolescentes. A estudante Jéssica da Silva Souza é a mais nova adepta do álcool em gel. No shopping, ela aproveitou os inúmeros recipientes instalados na praça de alimentação para se prevenir.

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– Agora eu tenho usado mais e com mais cuidado. Antes, eu não me preocupava muito com isso – diz.

A mão sempre limpa é vista, por ela, como uma maneira de evitar o contágio. Os restaurantes largaram na frente dos clientes quando o assunto é prevenção. Antes que o temor chegasse, decidiram investir na compra de muito álcool para a higienização das mãos. Em um deles, a máscara virou acessório obrigatório, e será mantida mesmo quando a gripe A deixar de ser uma ameaça. Nas grandes empresas, como a Whirpool, a restrição de viagens para Argentina, Chile, México e para a cidade de Miami, nos Estados Unidos, mudou a rotina dos funcionários.

Para garantir a segurança dos profissionais, agora a recomendação é apostar nos telefonemas e videoconferências. O presídio da cidade é outro ambiente que vai passar, a partir desta segunda-feira, a restringir visitas. Cada detento poderá receber a visita de somente um adulto por dia no local. Crianças e grávidas não terão acesso. A mudança de comportamento do joinvilense é diretamente proporcional ao aumento do número de casos suspeitos da gripe A.

Ambientes fechados, só com ventilação extra. O ônibus é um dos lugares mais temidos, principalmente nos dias frios. Quem deixa a janela aberta pode até sofrer de frio, mas é por um bom motivo.

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– Temos que fazer o ar circular – diz a secretária Adélia Farias.

Para educar os passageiros, as empresas irão espalhar 350 cartazes nos veículos, nos terminas e nas estações de cidadania.