A Notícia – O ano de 2015 foi ruim para o emprego no setor. Houve muitas demissões?

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Gildo Alves – Entre admissões e demissões, tivemos a perda de mil postos de trabalho na região do Vale do Itapocu (Jaraguá do Sul, Guaramirim, Schroeder, Massaranduba e Corupá). Houve um número maior de demissões do que admissões, sem dúvida. O problema de 2015 foi que as empresas maiores demitiram, por isso, tivemos um número elevado de postos fechados. Um exemplo foi a Malwee, que ficou anos sem demitir e teve que dispensar funcionários em 2015. Tínhamos 25 mil funcionários na categoria e fechamos o ano com 24 mil.

AN – O que o senhor imagina que vai acontecer em 2016? Haverá mais desemprego?

Alves – Neste momento, as demissões estão dentro do previsto para janeiro e fevereiro. O que aumentou foram os pedidos de demissões. Algumas empresas estão admitindo, mas o quadro continua igual ao de 2015. Temos muitas facções que dependem das grandes empresas. Algumas estão fechando e outras não estão cumprindo com o pagamento de FGTS. Esperamos que 2016 seja melhor. Não queremos ter um mês com quase 700 demissões.

AN – Há propostas do sindicato para tentar diminuir os impactos da crise?

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Alves – O sindicato trabalha para ajudar a categoria. Conversamos com as empresas e ajudamos em soluções. Somos contra a redução de jornada, mas negociamos um banco de horas para evitar as demissões. Infelizmente, o sindicato não tem um poder de tomada de decisões.

AN – Quais são os principais pedidos dos trabalhadores que procuram o sindicato?

Alves – Eles nos procuram em momentos delicados. Sempre há problemas de tratamento de saúde. Outros buscam ajuda com problemas internos das empresas. O nosso trabalho é o de dialogar com funcionários e empresas.

AN – O que mais preocupa o sindicato neste ano?

Alves – A situação econômica, que está bastante delicada. Temos um governo sem comando, casos de corrupção diários e escândalos. Quem vai querer investir em um país desestabilizado? Quem mais sofre são as empresas pequenas, que acabam não pagando férias, 13º salário e outros benefícios.

AN – A política econômica prejudica a classe?

Alves – As medidas econômicas estão cada vez piores. Já prejudicaram o trabalhador no passado e vão voltar a prejudicar. Desde a Previdência Social, que é tirada do próprio trabalhador, até as mudanças na aposentadoria. A CPMF também traz prejuízos à classe, pois o trabalhador recebe via banco e cada movimentação terá a cobrança de uma taxa. Quem vai pagar? Somos totalmente contrários, e o governo, ao que parece, está sem rumo.

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AN – Os trabalhadores buscam qualificação profissional?

Alves – Em Jaraguá do Sul, há muitas opções de cursos profissionalizantes. Isso acaba refletindo na qualidade da mão de obra. Temos muitos trabalhadores com ensino superior dentro da produção têxtil.

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