O começo da semana foi de definições sobre a Ponte Pedro Ivo Campos, que dá acesso à Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, após o problema em uma placa que se soltou da pista e bloqueou duas pistas durante toda a manhã e parte da tarde de sábado.

Continua depois da publicidade

A Secretaria de Estado da Infraestrutura (SIE) decidiu aplicar uma advertência e uma multa, estabelecida em contrato, à empresa Cejen Engenharia, responsável pela obra de manutenção da ponte.

A penalidade consiste em reter 10% do pagamento da fatura mensal por causa de atraso no cronograma. Até a noite desta segunda-feira, ainda não havia a confirmação do valor exato da multa aplicada.

Segundo a assessoria da SIE, a empresa já teria recebido mais de uma carta-aviso por parte da supervisora por descumprimento do cronograma e a secretaria já havia convocado a Cejen para cobrar agilidade nos serviços.

A decisão foi tomada em reunião da SIE na manhã de ontem. Outra definição do encontro foi montar um plano de monitoramento do serviço paliativo feito no sábado para liberar ao tráfego o trecho em que houve soltura da placa na Ponte Pedro Ivo.

Continua depois da publicidade

Na ocasião, uma chapa de metal foi soldada à junta de dilatação da ponte. A medida foi considerada temporária porque o conserto definitivo depende da fixação da placa com parafusos, que ainda não foram entregues.

Ações para reduzir espera por conserto

Uma estrutura para dar resposta mais rápida em caso de novo problema na placa também foi anunciada. A intenção é deixar materiais como maçaricos e outras chapas – como as que foram soldadas provisoriamente no lugar da estrutura que se desprendeu – guardados no canteiro de obras, para minimizar o tempo de espera por esses itens caso haja novo dano.

A Polícia Militar confirmou que fará o monitoramento de hora em hora no local em que foi feito o reparo, conforme o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, havia anunciado no fim de semana. Por fim, a Secretaria de Estado de Infraestrutura reforçou a informação de que pretende agilizar a entrega dos parafusos que faltam para a conclusão do serviço.

As peças foram adquiridas em maio e o prazo mais curto, de 60 dias, prevê que eles possam chegar somente a partir do dia 22 deste mês. O secretário-adjunto da Infraestrutura e Mobilidade de Santa Catarina, Thiago Vieira, disse ontem que a responsabilidade é da empresa contratada.

Continua depois da publicidade

A Cejen Engenharia foi procurada pela reportagem para comentar a situação, mas não se manifestou a respeito até o fechamento desta edição. (colaborou Juliana Gomes)

Demora na manutenção contribui para problemas

O engenheiro Roberto de Oliveira, coordenador-geral do Conselho Metropolitano de Desenvolvimento da Grande Florianópolis, afirma que o problema do último sábado é causado pela demora na manutenção das pontes da Capital, que por sua vez se deve a dois motivos. O primeiro seria a mentalidade dos gestores públicos de preferirem entregar obras, que segundo ele “dão votos”, do que manutenções.

O outro fator, segundo o engenheiro, seria a intervenção de órgãos como o Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC), que no caso das pontes pedia mudança no edital para o formato pregão – em que o preço é o único critério –, o que atrasou quase dois anos o contrato de fiscalização das obras de reforma. Nesse período, as duas empresas alegam que houve novos problemas de degradação nas pontes.

– Quando ocorre a opção apenas pelo menor preço, quem dá menos dá material mais barato, são firmas que não têm experiência. É tudo baseado pelo preço. O resultado para uma obra comum já é meio perigoso. Agora, em obra de arte, como são chamadas as pontes na engenharia, seria um desastre – avalia Oliveira.

Continua depois da publicidade

Contrato de reforma das duas pontes é de R$ 29 milhões

– O problema do último sábado é mais um capítulo na longa novela que envolve o processo de conservação e reforma das pontes que ligam Continente e Ilha de SC, em Florianópolis. O contrato de manutenção e reforma das pontes Pedro Ivo Campos e Colombo Salles, com Cejen Engenharia, tem valor de R$ 29,6 milhões. Já o serviço de fiscalização das obras, feito por outra empresa, a Engevix, é orçado em R$ 1,3 milhão. As duas pontes têm 1,2 quilômetro de extensão e o prazo de conclusão é de 24 meses.

– A empresa Cejen, responsável pelo serviço de reparo na placa que se soltou no sábado, venceu licitação para a manutenção e reforma das duas pontes em 2016. O início das obras, no entanto, demorou em função de questionamentos por parte do TCE-SC sobre o edital para contratar a empresa que fiscalizaria o serviço da Cejen. Por isso, a ordem de serviço só foi expedida em fevereiro deste ano, após o primeiro episódio de problema na placa metálica que se soltou da pista.

– Pelo cronograma, a obra começou pela ponte Colombo Salles, que liga Ilha ao Continente, e segue uma sequência de pilar por pilar de sustentação, incluindo a parte inferior das duas pontes. É nesta etapa que os trabalhos estavam até o problema do último sábado.

– Segundo a assessoria da Secretaria de Estado da Infraestrutura, em cada uma dessas partes é necessário fazer a limpeza com água doce e retirar toda a sujeira do concreto. Em seguida, é feita a raspagem e retirada da argamassa para que então seja feita a recuperação dos pontos necessários. Por fim, ocorre a pintura.

Continua depois da publicidade

– Os serviços nas pistas de rolagem das duas pontes serão feitos somente após a recuperação das estruturas inferiores de ambas. Segundo a secretaria, ainda não há previsão de quando esses serviços, que vão exigir a interrupção do trânsito nas pontes, chegarão às pistas.

Fonte: Secretaria de Estado da Infraestrutura (SIE)

Acesse as últimas notícias do NSC Total