Envolvido com agricultura desde os cinco anos de idade, Osmar Norberto Marqui dedicou a vida à plantação de aipim da família, que ele trata com tanto carinho e cuidado. A relação do produtor com o alimento, que é considerado “especial” em Itajaí devido ao solo em que é cultivado, ultrapassa gerações e sempre foi uma motivação para o homem que parecia não ter sossego.
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Até que, certo dia, uma notícia inesperada o obrigou a dar uma “pausa” na rotina em meio às terras. E, dessa vez, não haveria fertilizante ou inseticida que pudesse solucionar o problema. O tratamento de um câncer seria a maior batalha enfrentada por seu Osmar.
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Em meados de 2020, o itajaiense descobriu a doença no intestino ao fazer um exame de rotina — já que costumava cuidar da saúde para evitar qualquer enfermidade. Para ele, inclusive, foi essa atitude que o salvou, pois teve tempo de se tratar.
— O câncer é muito calmo. Quando ele doer, já é tarde — comenta.
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O dia em que recebeu o resultado foi um dos piores da história de Osmar, como ele mesmo relembra. Só que o agricultor de fé inabalável sabia que precisava seguir em frente e decidiu que iria inclusive continuar trabalhando na plantação de aipim.
Na área de 3 hectares do bairro São Roque, em Itajaí, o homem, junto com os dois filhos, cultiva o alimento no próprio sítio e o vende posteriormente. Modesto, seu Osmar ainda atribui o sucesso do aipim com sabor diferenciado aos compradores, pois, segundo ele, são essas pessoas que ajudam a divulgar a qualidade da comida.

Para o itajaiense, o segredo também está no cuidado e dedicação que tem com as terras.
— Tu tem que gostar do que tu faz. Eu sou agricultor e eu adoro fazer isso. Estar lá, plantar. E o aipim é uma renda muito boa. Além de ser bom de vender, é muito gostoso de trabalhar, de ver ele no dia a dia crescendo. E na hora de colher, o gosto é aquilo. Você vê as pessoas vindo comprar, feliz em entregar o teu produto e passar de um para outro — explica.
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Até que, em determinado momento, a doença passou a interferir na rotina de seu Osmar e ele precisou abrir mão do que mais gostava de fazer para se dedicar ao intenso tratamento do câncer.
Uma luta pela vida
Dois meses depois da descoberta da doença, Osmar começou o tratamento pelo SUS, uma série de sessões de radio e quimioterapia que durou um semestre.
Mais tarde, o agricultor conseguiu fazer uma cirurgia, onde precisou permanecer acamado por quatro meses. Um período que pareceu uma eternidade para ele, já que sempre esteve acostumado a passar o dia inteiro em contato com a terra.
— Imagina você olhar para a sua plantação e não poder chegar lá. Isso que era a dor. Todo dia você estava ali, 5h da manhã até 22h, e não podia ficar dois minutos porque andava alguns metros e já dava canseira — relembra.
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Depois da cirurgia, ele ainda teve de fazer algumas sessões de quimioterapia, além de usar, por seis meses, a chamada bolsa de colostomia — colocada na parede do abdômen que conecta o intestino ao lado exterior do corpo para coletar as fezes.
O instrumento rendeu alguns perrengues a Osmar, pois precisava carregá-lo para todos os lados, mas não o impediu de voltar ao trabalho, mesmo que gradativamente. Hoje, ele já consegue andar em meio a plantação, o que, para o agricultor, é mais do que o suficiente comparado a tudo que viveu nos últimos meses.
— Só o prazer de voltar e olhar para aquilo de novo já é uma recompensa — diz.
A força e lição que encontrou em meio a dor
Faz cinco meses que seu Osmar está curado. A força para enfrentar esse momento turbulento da vida o agricultor atribui a Deus, à família e a um lugar específico que também lhe trazia conforto nas horas difíceis: o rancho do próprio sítio.
Isso porque era ali que o homem buscava ocupar a mente sempre que pensava demais sobre a doença. Além disso, ter por perto pessoas que desejavam energias positivas fez toda a diferença durante o processo do tratamento, já que foi o período em que mais precisou ouvir palavras de conforto e apoio, segundo ele.
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— A gente não espera isso na vida, mas pode acontecer. A gente diz que é sorteado, né? E quem é sorteado tem que ser guerreiro — comenta.

Hoje, Osmar ainda tem sequelas ou recaídas devido ao câncer. Por vezes, vai parar no hospital e precisa tomar soro com medicações fortes para aliviar as dores que podem surgir, mesmo já curado.
Também precisa tomar cuidado redobrado com a alimentação, evitando frituras ou comidas em conserva. As privações, no entanto, são apenas alguns detalhes para seu Osmar, que, além de superar a doença, ainda tirou uma lição de tudo o que viveu nos últimos tempos.
O principal segredo, segundo ele, é jamais desistir.
— Toca pra frente. Enquanto tens esperança, toca pra frente. Porque a vida é assim mesmo. Ela é prazerosa, mas também traz algumas dificuldades. Mas, quando tu vence ela, tu volta a ficar melhor em tudo — finaliza.
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*Sob supervisão de Bianca Bertoli
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