O sonho que Jennifer Aparecida Tavares Lungen, 30 anos, vivia em abril de 2015 de dar à luz ao segundo filho se transformou em um pesadelo da noite para o dia, do qual ela só saiu por causa da solidariedade de familiares e até desconhecidos que doaram tempo e um pouquinho do que estava dentro de cada um: sangue.
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Aos cinco meses de gestação ela teve uma infecção urinária. Acordou no dia 21 de abril com fortes dores e foi para o hospital. Após ser medicada o quadro evoluiu para uma infecção generalizada e ela entrou em coma induzido.
O bebê, Pedro, não sobreviveu, e após o parto, que também foi induzido para que os médicos pudessem socorrer a mãe, Jennifer teve uma hemorragia. A salvação veio em 16 bolsas de sangue que ela recebeu enquanto estava no hospital. No total foram 23 dias de internação, 19 na Unidade de Terapia Intensiva.
– O que me salvou foi a doação, porque além do sangue eu precisei das plaquetas (fração do sangue). Depois os médicos explicaram que uma pessoa normal tem 140 mil plaquetas, para sobreviver precisa no mínimo de 10 mil e eu estava com 3 mil. Eu sou a prova do quanto é importante a doação de sangue – conta.
Depois de voltar para casa e se recuperar, Jennifer colocou em prática outro sonho, o de se casar. Julian José Lungen, 31, seu companheiro há quatro anos e meio e marido há uma semana (os dois oficializaram a união no sábado), se engajou na busca por doadores e acabou encontrando uma legião de pessoas dispostas a ajudar. E para Jennifer, a realização do sonho de se tornar esposa trouxe um sentimento de gratidão a cada pessoa que cedeu 450 mililitros de sangue para que ela tivesse uma nova chance:
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– Eu agradeço a Deus e a todos que doaram, se não fosse esse gesto eu não estaria aqui.
O outro lado
Para chegar a quem precisa, o sangue precisa vir de algum lugar – sabemos disso, né? E é justamente para incentivar as doações que o Hemosc celebra o Dia Nacional do Doador de Sangue, que é hoje, com uma semana inteira de ações.
Em 2016 o tema da campanha é “Quem doa sangue, doa sonhos” e conta histórias de pessoas como a Jennifer, que já precisaram deste ato para sobreviver. Um desses doadores é o professor universitário Rogério Cristofolini, 41, que doa sangue regularmente há cerca de 10 anos, quando a coleta era feita no Hospital Santa Isabel:
– Faço pela vontade de ajudar. A gente vê tantas situações, pessoas sofrendo, tendo problemas e necessitando de sangue… E para mim foi algo natural, eu comecei naquela época e continuo até hoje – conta, calculando que doa de duas a três vezes por ano. Durante o procedimento, Rogério contou que estava no Hemosc ontem por conta do filho Arthur Lorenzo, de quatro anos, que aprendeu sobre a ação e estava empolgado.
– Vim porque, além de já ser doador, também é um estímulo para ele no futuro. E porque a gente sai daqui muito feliz! Às vezes as pessoas falam que não têm tempo, mas é algo que cabe a nós encontrar.
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A coordenadora de captação de doadores do Hemosc de Blumenau Thayse Molinari explica que a campanha traz visibilidade para a questão, mas destaca que é importante que as doações ocorram o ano todo:
– Nós viemos de uma semana muito fraca, então estamos fazendo um trabalho de recuperação, mas a quantidade varia muito de um dia para o outro.